Empresários pediram ontem (15) ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, medidas adicionais para estimular os investimentos e melhorar a competitividade do país. Eles se reuniram durante quase toda a tarde com Mantega após participarem da solenidade de lançamento de concessões para rodovias e ferrovias.
Todos os empresários elogiaram o pacote, que prevê investimentos privados de R$ 133 bilhões nos próximos 25 anos, dos quais R$ 79,5 bilhões serão aplicados nos primeiros cinco anos. Eles, no entanto, reivindicaram a simplificação dos tributos, o combate a práticas comerciais desleais e a redução dos encargos sobre a energia elétrica para eliminar gargalos e ampliar ainda mais os investimentos, não apenas em infraestrutura, mas na geração de empregos.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, ainda existem diversas restrições ao investimento privado no país. “Para reduzir ainda mais o custo Brasil, falta financiamento de longo prazo, desoneração do investimento e a melhoria da gestão das instituições do Estado de forma geral”, declarou. Godoy, no entanto, ressalta que o governo tem tomado algumas atitudes, como o lançamento de debêntures (títulos privados) para empreendimentos de infraestrutura.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletroeletrônica (Abinee), Humberto Barbato, citou a guerra fiscal entre os estados como outro entrave aos investimentos da indústria. Segundo ele, a quantidade de ações judiciais no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando incentivos no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), concedidos pelos governos estaduais, cria insegurança jurídica para os investimentos.
“A guerra de ICMS faz com que as empresas parem de construir ou ampliar fábricas. Não se sabe onde é mais interessante investir nem onde se pode obter benefícios”, reclamou Barbato. Ele também cita como entrave, para a competitividade da indústria nacional, os encargos sobre a energia elétrica, que é mais cara para as indústrias que para os pequenos consumidores. O presidente da Abinee destacou que Mantega prometeu, durante o encontro, anunciar medidas para essa área em setembro.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, considerou o pacote de concessões imprescindível para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros e reduzir o custo da infraestrutura no país. Ele reconheceu que a alta do dólar nos últimos meses reduziu as pressões sobre a indústria nacional, mas advertiu que o governo não pode deixar de combater práticas comerciais desleais provocadas pela crise internacional.
Para Andrade, o governo deve intensificar a defesa comercial, combatendo práticas desleais de países que querem exportar produtos com custos baixos para o Brasil. “Com o crescimento na Ásia diminuindo, os concorrentes internacionais querem colocar mais produtos no Brasil. A defesa comercial também precisa ser cuidada”, diz.
Apesar de fazer recomendações ao governo, Andrade elogiou as medidas recentes para estimular a economia, como a desoneração da folha de pagamento de 15 setores da indústria e a redução dos juros bancários. “Essas ações devem começar a fazer efeito no segundo semestre, mas principalmente no ano que vem”, declarou. Ele projeta que a indústria nacional feche o ano com crescimento de 1% a 1,5% na produção.
O encontro durou quase quatro horas e reuniu cerca de 45 empresários e representantes de associações da indústria e do varejo.
(Fonte: Agência Brasil)
Fonte: Padrão
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