A Ekó House recebeu a premiação de terceiro lugar na prova de Sustentabilidade, num empate técnico com a equipe alemã da Aachen University com seu projeto Counter Entropy. O destaque da proposta brasileira foi a ênfase na sustentabilidade humana, que introduz o uso de tecnologias avançadas enquanto enfatiza um novo modo de morar, que integra o homem ao seu ambiente natural local, enquanto promove seu desenvolvimento. A prova teve participação de um corpo jurados internacional altamente especializado, com nomes como Emilio Mitre, Manfred Hegger e Jason Twill.
Segundo a coordenadora geral do projeto da Ekó House, Cláudia Oliveira, professora da FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – da USP, foi possível comparar a tecnologia brasileira com as de outras partes do mundo. O Brasil era o único representante do hemisfério sul e de um país tropical na mostra. “Nós não temos que atender as demandas das casas européias e asiáticas, que enfrentam baixas temperaturas. Tivemos a oportunidade de mostrar nosso desenvolvimento tecnológico de igual para igual e apresentamos o único projeto adaptável a vários climas e ambientes”, afirma Cláudia, ao comentar que a participação na mostra teve um valor incomensurável para a equipe brasileira. “Foi um trabalho profissional, realizado por alunos que estão sendo formados de uma maneira muito completa”, comemora a professora.
A equipe brasileira destaca-se ainda pelo quinto lugar na prova de Comunicação e Conscientização Social, com ênfase na sua proposta de aprendizado social em rede, avaliado por jurados internacionais de renome neste campo, como Daniel Sieberg, Jane Kolleeny e Miguel Ángel Valladares. E conquistou a mesma colocação no quesito Conforto Ambiental. Cláudia explica que esta prova avalia a temperatura, umidade e qualidade do ar, e a luminosidade do ambiente.
Ekó House
A Ekó House é uma casa experimental autossuficiente energeticamente. Nascida de um processo de integração acadêmica de mais de quatro anos, envolveu estudantes de graduação e pós-graduação, e pesquisa nas diferentes áreas da arquitetura e urbanismo, engenharias, design, comunicação e marketing. A coordenação geral do projeto, na USP, é do professor Adnei Melges de Andrade, vice-reitor de Relações Internacionais.
O projeto final e construção foram desenvolvidos, nos últimos dois anos, numa parceria liderada pela Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade de São Paulo, com apoio da Fupam – Fundação para a Pesquisa em Arquitetura e Ambiente – ligada à FAU-USP. Contou, também, com a colaboração da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas, da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro -, da UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – e do IFSC – Instituto Federal de Santa Catarina.
A Mostra
O Solar Decathlon Europe é uma competição de casas autossuficientes energeticamente, onde equipes formadas por estudantes e professores de diversas universidades do mundo projetam, constroem, transportam e remontam as casas na Villa Solar em Madrid. A exposição se prolongou por 17 dias e terminou no dia 30 de setembro último.
Nesse período, as casas são avaliadas em dez áreas de conhecimentos, de onde vem o nome ‘Decathlon’. As provas são: Arquitetura, Engenharia e Construção, Industrialização e Viabilidade de Mercado, Comunicação e Conscientização Social, Sustentabilidade, Inovação e Eficiência Energética – estas avaliadas por juris de especialistas de cada área – e Condições de Conforto, House Functioning e Balanço Energético – avaliadas através de sensores e medições. A equipe com maior pontuação é premiada, e também são dados prêmios aos três primeiros lugares de cada prova avaliada por jurados.
Objetivos
Os objetivos da competição são, principalmente, promover o desenvolvimento de pesquisa sobre construções mais sustentáveis, bem como promover a conscientização social sobre o assunto. Ao mesmo tempo, o Team Brasil buscou: conscientizar sobre meios mais sustentáveis de morar, incentivando mudanças na maneira de viver; pesquisar materiais, sistemas e tecnologias sustentáveis e mais acessíveis; pesquisar soluções adaptadas à indústria local, promovendo desenvolvimento enquanto respeita a cultura e as formas mais tradicionais; promover pesquisa e inovação tecnológica em produção de habitações eficientes e autossustentáveis no Brasil.
Reflexões do processo
A competição é um grande desafio para todas as equipes que dela participam. As diversas exigências já estabelecem que a casa seja de alta qualidade, além disso, o prazo para montagem no local da competição – terreno no parque da Casa de Campo em Madri, na Espanha – é de apenas 15 dias, exigindo bastante organização da equipe, além do desenvolvimento de um sistema de montagem que permita essa rapidez.
O transporte de uma casa para exposição através do oceano e os trâmites aduaneiros internacionais foram grandes desafios para a equipe brasileira. A despeito das dificuldades de financiamento e logística, é uma experiência de prática acadêmica, onde estudantes compartilham a construção de seus sonhos e protótipos, montando em apenas 15 dias uma Villa Solar aberta ao público, em uma oportunidade única de aprendizagem integral. “A participação nas dez provas e o feed back dos jurados de alta qualificação em diferentes áreas complementam esta oportunidade, gerando as raízes de uma rede internacional, com alto potencial de transformação para a formação dos futuros construtores de cidades mais sustentáveis”, conclui a professora Cláudia Oliveira.
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