Sandy passou por Nova York. Chegou ali provocando a morte de 54 pessoas e prejuízos que ainda não puderam ser calculados. Interrompeu a circulação de metrôs, trens, ônibus, carros e de outros meios de transporte e deixou 8 milhões de americanos no escuro.
Ele surgiu ali com um potencial para causar catástrofe de consequências imprevisíveis. Contudo, o desastre, nas proporções previstas, não aconteceu. É que as autoridades americanas, a partir da própria presidência do país, resolveram se mexer. Contrariamente ao que ocorreu em 2005 na região metropolitana de Nova Orleans, toda a movimentação de Sandy começou a ser monitorada muito antes que ele aparecesse ao largo da costa leste dos Estados Unidos.
O potencial destruidor do furacão foi previamente avaliado, assim como foi cuidadosamente avaliado o impacto de sua passagem pelos centros rurais e urbanos. O prefeito de Nova York não hesitou, a partir dos dados da meteorologia que lhe chegaram da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica e de outros órgãos científicos de monitoramento de fenômenos semelhantes, em determinar a remoção, organizada, de pelo menos 400 mil pessoas das zonas baixas da cidade. E em outras regiões foram adotadas providências análogas. Como resultado desta e de outras operações preventivas, milhares de vidas humanas foram poupadas. Resumindo: as autoridades se anteciparam à tragédia anunciada.
As lições deixadas pelo furacão são claras. Tragédias do gênero, por piores que possam ser ou parecer, podem ser monitoradas e, seus riscos, minimizados. Lastimavelmente a prevenção não tem sido um instrumento a que costumeiramente recorramos por aqui. Em São Paulo e em outras cidades, até mesmo os pontos mapeados de enchentes não são monitorados. E, contra as tragédias anunciadas, invariavelmente não se adotam as medidas preventivas que podem reduzir as proporções dos desastres. Acho que o Sandy – e as autoridades dos Estados Unidos – nos deixaram uma lição. Desta vez.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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