Há algum tempo, quando a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, foi autorizada pelo governo (a obra seria uma das principais do Programa de Aceleração do Crescimento), disse, aqui, que os problemas dessa obra polêmica, um investimento de R$ 25,8 bilhões, estariam apenas no começo. Virtualmente, eles nunca deixaram de existir.
Belo Monte nasceu polêmica, desde os estudos iniciais lá naqueles anos, hoje longínquos, de 1975. E continuou sob o estigma da suscetibilidade dos mais difíceis debates, nos desdobramentos posteriores a 1980, quando a Eletronorte procedeu aos estudos de viabilidade.
Para dissipar ou neutralizar a pressão que se avolumava, instrumentalizada a partir do 1º Encontro dos povos Indígenas do Xingu, o projeto foi remodelado. Diria até que foi subvertido em sua recomendação e desenho iniciais.
Os canteiros seriam distribuídos em sítios diferentes de modo a reduzir eventuais danos que construção desse tipo pode provocar no meio ambiente. E seriam aplicados R$ 3,2 bilhões para condicionantes socioambientais e mais R$ 500 milhões parta colocar em prática um plano de desenvolvimento regional sustentável. – Tudo para tangenciar os problemas suscitados pela obra.
Passada a fase dos estudos e das pressões mais apaixonadas, chegou-se enfim ao período em que o governo deveria tomar decisão sobre a obra. E ele resolveu fazê-la. Mas, àquela altura, já no ano de 2010, a polêmica não parava, estimulada pelo conjunto de pelo menos 15 questionamentos judiciais incidentes sobre a viabilidade econômica e os impactos sociais e ambientais na região.
Superados ou tangenciados esses obstáculos, 37 máquinas pesadas chegaram, enfim, a Altamira (PA), para começar a preparação dos canteiros. Agora, as obras estão avançando. Ontem, no entanto, surgiram mais problemas. Saiu-se do terreno da razão, das discussões, do debate, para o quebra-quebra. Houve atos de vandalismo contra as instalações de Belo Monte. Assim não dá. A irracionalidade não combina com projetos, planejamento e obras de engenharia.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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