Embora venha construindo também empreendimentos residenciais de grande porte, a Direcional Engenharia mantém-se fiel às origens: constrói habitação popular. Hoje é considerada a maior construtora brasileira da primeira faixa do programa Minha Casa, Minha Vida
Nildo Carlos Oliveira
Aempresa expandiu-se, saiu dos limites da sede, em Belo Horizonte, cruzou a divisa de Minas e, atualmente com 31 anos de atividades, faz-se presente em vários estados. Assim é a Direcional Engenharia, fundada em 1981 por Ricardo Valadares Gontijo, que se formou engenheiro civil em 1974.
Naquela época, conforme depoimento de seu filho Ricardo Ribeiro Valadares Gontijo, diretor comercial da empresa, à revista O Empreiteiro, Ricardo Valadares trabalhava para a Construtora Andrade Valadares, apontada, em Minas Gerais, como uma das maiores construtoras de casas para o então Banco Nacional de Habitação (BNH). Foi ali, nessa empresa, que ele assimilou experiência na construção de habitação popular. Segundo Ricardo Ribeiro, a Andrade Valadares chegou a construir perto de 40 mil unidades – “número do qual nós, da Direcional, nos aproximamos recentemente”.
O programa de obras do BNH permitiu, nos anos 1970, a construção de habitação popular em escala. E muitas técnicas construtivas foram pesquisadas e adotadas, naquela oportunidade, com um diferencial: como havia, à época, no País, abundante mão de obra, o próprio banco, segundo empresários da época, não estimulava muito a adoção de técnicas construtivas industrializadas. Atualmente, dada a escassez de mão de obra, as empresas que vêm operando nessa área – e, dentre elas, a Direcional – se sentem impulsionadas a desenvolver e a empregar métodos construtivos industrializados para viabilizar a produção de casa popular em escala, o que vem ocorrendo com o programa do governo federal, Minha casa,Minha Vida.
Com a experiência obtida na prática dos trabalhos realizados na Andrade Valadares, Ricardo Valadares Gontijo fundou, em 1981, a Direcional. Naqueles primórdios, a empresa não dispunha de capital para fazer incorporações e crescer na velocidade que o empresário e os seus colaboradores pretendiam. Assim, ele decidiu optar por fazer obras por empreitadas. Com essa linha de orientação, construiu postos de saúde, hospitais, escolas e obras de infraestrutura, como redes de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, além de estações de tratamento.
Apostando no trabalho contínuo e na qualidade de seus colaboradores, que hoje somam quase 13 mil, ela chegou ao final dos anos 1980 dispondo do capital que julgava necessário para ingressar no segmento da incorporação imobiliária. A empresa passara um período de 20 anos vendo o País sofrer o impacto da falta de investimentos públicos, de inflação galopante e pouca disponibilidade de crédito. Acompanhou também os episódios da extinção do BNH e, depois, do próprio Ministério da Habitação. Mas nada disso desanimou o empresário Andrade Valadares, que insistia em trabalhar no segmento da habitação popular, recorrendo aos programas da Caixa Econômica Federal.
“Mas”, lembra o filho Ricardo Ribeiro, “não havia mesmo, naquele tempo, margem para ampliar a escala da produção habitacional. A renda da população tinha diminuído, a inflação batia à porta de todo mundo e não havia condição para financiamento de longo prazo. Esse cenário perdurou até os anos 1990”.
O DNA de construtor
A empresa, contudo, não fugiria às suas origens, conforme assinala Ricardo Ribeiro: “O nosso DNA é de construtor. E foi isso que fez com que a Direcional prosperasse e continuasse competitiva na habitação popular, um segmento onde poucas empresas ganham dinheiro”.
A Direcional não é uma empresa de capital aberto. É diferente daquelas que eram incorporadoras e passaram a construir ou contratavam outras empresas para fazer a construção.
“Nós trilhamos um caminho inverso: éramos uma empresa construtora e passamos a ser também incorporadora. Além do que, todos os empreendimentos que nós fazemos e vendemos, sejam casas, salas comerciais, quartos em hotéis etc., somos nós que os construímos. Não dependemos de nenhuma outra empresa para construir, vender e entregar as obras. Portanto, repito: o nosso diferencial é o DNA da construção. A gente constrói 100% do que a gente vende e entrega”.
Minha Casa, Minha Vida
O retorno às origens ficou mais evidente para a Direcional depois que o governo federal decidiu implantar o programa Minha Casa, Minha Vida.
O presidente da Direcional, Ricardo Valadares Gontijo, preserva, na memória, o que significou o antigo BNH para o planejamento, projeto e construção de conjuntos habitacionais. Por conta da necessidade de construção em escala, várias tecnologias foram testadas e aplicadas. Foram difundidos, por exemplo, processos mais modernos de fundação; houve opção pela produção da alvenaria estrutural e foram adotadas, nos blocos estruturais, as condições para que ali fossem embutidas as canalizações das instalações hidráulicas e elétricas. Além disso, houve inovação nos sistemas de formas para concretagem e aprimoradas as técnicas de fabricação e montagem de caixilhos, além de outros procedimentos que vieram a agilizar a construção.
Com o advento do programa federal de habitação, a empresa estudou os meios técnicos para acelerar as obras contratadas, aproveitando a enriquecedora experiência acumulada ao longo do tempo. Tanto assim, que vem aplicando, nos conjuntos de sua responsabilidade, a tecnologia
das paredes de concreto, executadas com o uso de formas de alumínio. Com essa técnica, aliada a boas soluções logísticas, mão de obra treinada e materiais e produtos criteriosamente especificados, tem construído até dois prédios, de 40 apartamentos, a cada 45 dias. Atualmente ela constrói quase 9 mil unidades habitacionais no estado do Amazonas, além de conjuntos no Distrito Federal, Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo.
Ainda no dia 5 de deste mês (outubro), ela comunicou ao mercado que firmara, com o Banco do Brasil e o governo do Ceará, contrato para a construção de unidades residenciais na cidade cearense de Maracanaú, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. Serão casas para famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00. O projeto, denominado “Orgulho do Ceará 2”, tem em vista a construção de 2.096 unidades pelo valor global de cerca de R$ 133 milhões.
O comando da Direcional informa que, com a assinatura desse contrato, o Ceará se torna o 10º estado em que a empresa tem atuação destacada, nesse segmento.
Resultados operacionais em 2012
A Direcional dá conta, também, da prévia dos resultados operacionais referentes ao terceiro trimestre de 2012. Segundo ela, os lançamentos atingiram nível recorde de R$ 543,1 milhões no período, correspondente ao crescimento de 44% em relação a igual período em 2011. No total foram lançadas 7.015 unidades, com preço médio de R$ 86,2 mil. Nos primeiros nove meses de 2012, o VGV lançado foi de R$ 1,2 bilhão, aumento de 30% quando comparado aos R$ 888,2 milhões lançados no mesmo período de 2011.
Neste período, a empresa lançou sete empreendimentos, sendo três em Belo Horizonte (MG), um em Belém (PA), um em Macapá (AP), um em Sobral (CE) e um em Maracanaú (CE).
No terceiro trimestre de 2012, ela contratou três empreendimentos na faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida, destinados a famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00. Estas contratações totalizaram VGV de R$ 400,4 milhões e 6.398 unidades.
No acumulado dos nove primeiros meses de 2012, as contratações para faixa 1 daquele programa totalizam VGV de R$ 659,4 milhões e 10.398 unidades, crescimento de 26% e 17%, respectivamente, em comparação a todo o ano de 2011.
Na construção dessas unidades ela vai utilizar processos industrializados de construção, com tecnologia de formas de alumínio e paredes de concreto, permitindo a entrega do empreendimento no prazo de 15 a 24 meses.
Fonte: Padrão