A usina hidrelétrica Foz do Chapecó, uma das mais importantes da CPFL Energia, destaca-se tecnicamente pela inovação introduzidana construção da barragem de enrocamento. Ali, em vez de argila,ela usou asfalto na impermeabilização
A hidrelétrica, construída pela Foz do Chapecó Energia S.A., Sociedade de Propósito Específico com participação de 51% da CPFL Energia, adicionou, a partir de 2010, mais 855 MW de potência instalada no sistema interligado nacional. O volume equivale a 25% do consumo de energia do estado de Santa Catarina ou a 18% do consumo gaúcho.
Instalada no rio Uruguai, entre os municípios de Águas de Chapecó, em Santa Catarina, e Alpestre, no Rio Grande do Sul, ela recebeu R$ 2,64 bilhões em investimentos, R$ 528 milhões dos quais destinados a ações socioambientais.
Um diferencial de Foz do Chapecó é a utilização, pela primeira vez no Brasil, de um núcleo de asfalto na vedação da barragem. Até então inédita no País, a tecnologia é comum em países da Europa e nos Estados Unidos e já foi aplicada em mais de cem hidrelétricas pelo mundo.
Comparado a outros materiais, como a argila, o asfalto é menos vulnerável às condições climáticas na execução. Assim, a obra sofre menos interrupções em períodos chuvosos e ganha segurança no cumprimento dos cronogramas contratuais. A barragem, de 48 m de altura e 598 m de extensão, foi completamente executada em um período de cinco meses.
Barragem de enrocamento
Os trabalhos de construção levaram em conta os períodos distintos que marcam o regime de vazões do rio Uruguai: o período seco e o período úmido. São fases diferentes daquelas das estações do ano no Norte e Nordeste. O período seco, que no Sul ocorre no final do ano, não significa que as obras transcorreram longe dos riscos de chuvas torrenciais.
No período seco costuma chover intensamente na região, dificultando o ritmo da produtividade e criando empecilhos ao emprego de material argiloso. Tal dificuldade se agravou, na fase de construção da usina, pelo fato de não haver jazidas de argila nas proximidades do canteiro. Caso a Construtora Camargo Corrêa, líder do Consórcio Volta Grande, que executou a obra, tivesse de recorrer a jazidas distantes, precisaria montar um plano de logística especificamente com esse fim.
A construtora chegou a estudar aquela possibilidade, considerando que até poderia trabalhar com argila lançada e não compactada. Contudo, fosse qual fosse a solução, haveria sempre algum impacto negativo na estratégia para entregar a obra no prazo. Por causa dessa e das demais interfaces, estudou uma solução adotada em outros países em circunstâncias similares: o emprego de material asfáltico.
Os estudos, com aquele fim, foram aprofundados pela CNEC Engenharia, que pesquisou e contatou consultores internacionais. O planejamento previu a execução de três camadas asfálticas compactadas da ordem de 20 cm cada, por dia, produção que atenderia ao cronograma de conclusão da obra.
Para garantia da qualidade da massa asfáltica, a Camargo Corrêa adquiriu no mercado externo uma usina de asfalto gravimétrica, na qual cada tipo de material poderia ser secado e pesado isoladamente antes de entrar no misturador, otimizando, assim, o processo de mistura.
O núcleo de asfalto tem 55 cm de largura e funciona como uma cortina de vedação que impede a passagem de água. A massa de asfalto foi lançada na barragem a uma temperatura que varia entre 150ºC e 170ºC.
A CPFL Energia informa que a barragem será utilizada como estrada de ligação entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ela estima que a usina tem um dos menores coeficientes área alagada/potência instalada do País. Metade de seu reservatório, que tem 80 km², é a própria calha do rio Uruguai.
Ficha técnica da UHE Foz do Chapecó
• Rio: Uruguai
• Potência: 855 MW
• Energia assegurada: 432 MW médios
• Unidades geradoras: quatro (turbinas tipo Francis com 214 MW cada)
• Barragem: 47 m de altura e 598 m de extensão
• Vertedouro: 15 comportas de 18,70 m x 20,60 m
• Tomada d’água: com quatro comportas
• Circuito de adução: dois túneis com 18,00 m x 18,15 m
cada e 392 m de comprimento
• Investimento: R$ 2,64 bilhões
• Acionistas: CPFL Energia, Eletrobras, Furnas e CEEE-GT
• Municípios do entorno da usina:
– Em Santa Catarina: Águas de Chapecó, Caxambu do Sul,
Guatambu, Chapecó, Paial e Ita;
– No Rio Grande do Sul: Alpestre, Rio dos Índios, Nonoai, Erval
Grande, Faxinalzinho e Itatiba do Sul.
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