Evidentemente há algo estranho acontecendo nesse canteiro de obra. As ocorrências não acontecem por acaso. E, as relações empresas-empregados, não podem ser pautadas por atos como os que vêm sendo registrados, de algum tempo para cá.
A notícia da ocorrência traumática mais recente vem do canteiro da usina hidrelétrica Colíder, Mato Grosso, às margens do rio Teles Pires. Ali, operários da obra incendiaram 16 ônibus, um alojamento e um refeitório. Depois, utilizando dinamite, explodiram um caixa eletrônico. Mas, ação dessa natureza seria mesmo deflagrada por trabalhadores? Se colocarmos as coisas estritamente no terreno policial, vamos ver que ela pode ser atribuída a delinquentes; jamais a trabalhadores.
A ocorrência nos remete a fatos semelhantes acontecidos em outros canteiros de obras, em especial em Rondônia. À época escrevi aqui – e na revista O Empreiteiro – que algum equívoco, alguma distorção, teria ocorrido nas relações empresas-empregados. Fatos dessa ordem não podem acontecer naqueles locais onde o operário vive intensamente durante as 24 horas do dia, por meses e anos.
As empresas precisam ter capacidade e sensibilidade para se antecipar aos fatos, identificando insatisfações e evitando que elas ganhem corpo e se tornem instrumentos para os que conseguem manipular contingentes de trabalhadores, transformando-os em massa de manobra.
Até que uma investigação cuidadosa seja empreendida, queremos acreditar mais na falha de diálogo, do que numa ação precipitada e instrumentalizada. Haja vista que 2.100 funcionários trabalham no canteiro da usina hidrelétrica e que, destes, 1.100 dormem nos alojamentos da obra.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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