Nildo Carlos Oliveira
A pesquisa traz obviedades, apesar das novidades dos números. Mas, seja qual for a análise que suscite, o dado relevante é também outra obviedade. Ele deixa claro ser necessário investir, ininterruptamente, nas obras de ampliação das linhas do metrô paulistano
Uma rede com apenas pouco mais de 70 quilômetros, que transporta diariamente mais de 4,6 milhões de pessoas, requer naturalmente investimentos contínuos e programados em novos projetos, obras, aquisição de materiais, equipamentos e emprego de tecnologia. Caso isso não ocorra, a defasagem do sistema será crítica para a população da metrópole.
Pesquisa sobre mudanças no perfil de usuários do metrô, publicada na FSP de hoje, destaca que há mais de dez anos 23% de usuários que ganhavam mais de oito salários mínimos utilizavam esse meio de transporte.
Atualmente tal índice caiu para 7%, o que significa o retorno do usuário, com mais um pouco de recursos, para a utilização do veículo individual. Já os usuários de baixa renda correm para ajudar a ocupar todo espaço disponível em carro do metrô. Nas horas de pico a condição do usuário lembra uma frase do Nelson Rodrigues, quando o mestre se referia ao transporte coletivo: “Um ônibus lotado é o túmulo do pudor”.
São duas coisas que jamais se justificam: 1. Ver a cidade coalhada de automóveis, milhões deles imobilizados nos congestionamentos, nas ruas, avenidas, marginais, transportando a solidão de uma só pessoa e, 2. – Ver o metrô apinhado, a qualquer hora do dia e da noite, com o usuário prensado e invariavelmente triturado pela multidão.
Houve uma promessa de que, com os eventos da Copa e da Olimpíada, as soluções para a mobilidade urbana apareceriam e o sufoco no transporte público, incluindo o metrô, estaria no fim. Não, não está. A pesquisa mostra um processo muito rápido de regressão.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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