Augusto Diniz
Com o objetivo de agregar os diferentes segmentos aeroportuários para discutir as melhores práticas de modernização dos aeroportos brasileiros, o governo federal convocou o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ligado ao Comando da Aeronáutica.
Além de apoio efetivo à realização de um evento em junho, intitulado AeroBrasil, envolvendo órgãos públicos e a iniciativa privada para apresentar soluções e propostas concretas para o setor aeroportuário, o ITA irá criar em 2014, dentro de sua estrutura em São José dos Campos (SP), um centro de inovação para aproximar alunos da instituição com as empresas. Além disso, a escola já vem auxiliando a Secretaria de Aviação Civil (SAC) em diversas frentes de planejamento, incluindo um estudo sobre a viabilidade dos aeroportos regionais brasileiros.
Esse conjunto de ações significa uma mudança de rumo do ITA, que embora seja considerado um instituto de excelência em educação no país, sempre teve uma participação tímida nas relações com a sociedade civil. No entanto, o próprio mercado aeroportuário reconhece que se há uma instituição no país com vasto conhecimento histórico do setor, este é o ITA, com mais 60 anos de existência.
“Objetivamos maior compromisso com o setor aeroportuário no âmbito da gestão, infraestrutura e regulação”, anunciou Carlos Pacheco, reitor da escola. De acordo com a autoridade máxima do ITA, o instituto pretende atuar nas áreas de pesquisa com as empresas em diversos segmentos. “Temos muitos anos de experiência”, complementa.
O instituto avalia que apesar do movimento crescente de aeronaves e passageiros nos aeroportos brasileiros, o aumento já não é tão expressivo como no passado. “Mas ainda sim justifica-se a necessidade de investimentos”, conta Cláudio Jorge Pinto Alves, chefe da Divisão de Infraestrutura e Engenharia Civil.
O professor relaciona os aeroportos do Galeão (RJ), Viracopos (Campinas), Vitória (ES), Belém (PA) e Goiânia (GO) como os que mais apresentam crescimento de movimento hoje no país. A demanda alta, dificuldade de expansão da infraestrutura instalada e o alto custo para ampliação são apontados como os maiores empecilhos ao setor.
Carlos Müller, chefe do departamento do Transporte Aéreo do ITA, analisa que o tráfego aéreo é também um desafio. Somente no espaço aéreo envolvendo os aeroportos de Viracopos, Guarulhos e Congonhas acontecem 2.100 pousos e decolagens por dia. “A necessidade de busca maior organização é premente”, avalia.
De acordo com Carlos Müller, há um custo por conta desse excesso de tráfego. Para auxiliar nessa questão, o ITA irá criar um laboratório para permitir o desenvolvimento dessa área no país, o LabGeta – Laboratório do Grupo de Engenharia de Tráfego Aéreo.
Aeroportos regionais
O ITA está fazendo um estudo para a SAC sobre aeroportos regionais no país. O trabalho visa dar suporte de natureza técnica aos investimentos no segmento. Alguns resultados iniciais devem sair ainda esse ano.
O estudo vai indicar, dentre outros itens, as condições de cada aeroporto regional do país e o seu potencial de tráfego. Segundo Claudio Jorge, há a perspectiva de municipalização de alguns deles, como é o caso de Ribeirão Preto (administrado pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) e São José dos Campos (Infraero). O chefe da Divisão de Infraestrutura e Engenharia Civil acredita que a concessão à iniciativa privada de aeroportos regionais poderá criar grupos locais de operação de terminais aeroportuários.
Em agosto, o governo promete divulgar o edital de concessão dos aeroportos do Galeão e Confins (Região Metropolitana de Belo Horizonte). Há expectativa que outros terminais aeroportuários sejam concessionados ainda esse ano, como o de Salvador (BA), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Porto Alegre (RS).
O Brasil é o segundo país do mundo em aeródromos com 714 registrados, perdendo somente para os Estados Unidos (5.143). Porém, apenas 100 possuem pistas enquadradas no IFR (Instrument Flight Rules ou Regras de Voo por Instrumentos) e operação noturna. No total, são 122 aeroportos com aviação comercial regular no Brasil.
Fonte: Revista O Empreiteiro
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