A primeira impressão é a que fica. E ela foi de espanto. Perguntava-me: Por que, com essa altura? E, como foi construído? Qual a técnica? Quais os equipamentos? Pois é. Com o passar dos anos, depois de entrar naquele prédio e conhecer a história de sua construção, concluída em 1966, dava-me conta de que aquele imenso edifício na avenida Prestes Maia, originalmente batizado de Palácio Zarzur & Kogan (somente mais tarde passaria a chamar-se Mirante do Vale), possivelmente inaugurou o sonho da verticalidade – a marca do crescimento paulistano.
Waldomiro Zarzur formou-se engenheiro pela Escola de Engenharia Mackenzie, ali nos anos 1940. Como tantos outros engenheiros recém-formados na época, observava a cidade como um vasto campo de oportunidades. Em sociedade com o colega Aron Kogan, que faleceu em 1960, ele fundou a empresa Construtora Mackenzie, mais tarde Waldomiro Zarzur Engenharia e Construção e, em seguida, Construtora Zarzur & Kogan.
Os dois engenheiros começaram a fazer construções que mudariam, em seu entorno, a história urbana da cidade. Ao mesmo tempo, pesquisavam opções técnicas, para construir melhor. A construtora fez a ponte de Guarulhos, sobre o rio Tietê; a Igreja Melquita Nossa Senhora do Paraíso; o cinema Júpiter, na Penha, com capacidade para 1.770 espectadores; o monumento a Duque de Caxias, na praça Princesa Isabel, que sustenta a escultura de Victor Brecheret, com 41 m de altura; o Hospital Albert Einstein, projeto do Rino Levi; o próprio Edifício Waldomiro Zarzur, na avenida Brigadeiro Faria Lima e muitas outras obras. As construções eram precedidas de experiências inovadoras, das fundações ao acabamento.
Foi um pioneiro na expansão da construção civil e, como tal, foi reconhecido ao receber o Internacional Construction Award, em Madri, Espanha, em 1992.
Mas o empreendimento que permanece como símbolo de suas conquistas profissionais continua sendo o Mirante do Vale: é um prédio com 170 m de altura e 51 pavimentos, com dois metros a mais do que o Edifício Itália, que possui 168 m de altura.
Conta-se que ele mantinha uma ampulheta em sua mesa de trabalho. Toda vez que começava uma conversa ou uma reunião, colocava a ampulheta para funcionar. Era para que os interlocutores soubessem que todo tempo tem seu tempo. E que não estamos no mundo para desperdiçá-lo. Waldomiro Zarzur – um nome e um personagem – morreu dia 2 último deixando um importante legado para a engenharia e para a cidade.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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