Joseph Young
Outros assuntos abordados são a corrupção detectada na máquina administrativa e política, que começa com a máfia do asfalto em alguns municípios paulistas; as propinas para aprovação do habite-se para empreendimentos imobiliários em São Paulo; o “mensalão” mineiro, que ainda não foi julgado; o empréstimo tomado pelo ministro do STF, com um banco apontado como réu em um processo que ele próprio relata; e as prisões dos condenados no processo do “mensalão” denunciado pelo então deputado Roberto Jefferson.
O passado e o presente mostram que a corrupção é um vírus inextinguível.
Livro de Luciano Figueiredo, intitulado Histórias do Brasil para Ocupados, revela que um ex-condenado em Portugal desembarcou no Brasil em 1549 como ouvidor-geral, cargo que equivale hoje ao de ministro da Justiça. Pero Borges repetiu na Colônia o que fazia na corte — embolsar recursos públicos para proveito próprio.
O aplaudido filme sobre a vida de Abraham Lincoln surpreendeu ao mostrar que, para vencer uma votação no Congresso norte-americano, o presidente “convenceu” alguns representantes renitentes prometendo-lhes cargos. Mais recentemente, auditoria da ONU no Haiti apurou suspeita de fraude em licitação e preços superfaturados em compras da Missão de Paz.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: quanto, da pretensa ajuda internacional, chega aos desabrigados haitianos?
Esse quadro geral de inoperância permeia há décadas a infraestrutura brasileira, a despeito das promessas do governo em suas três instâncias. Novas promessas veementes foram feitas depois dos protestos iniciados em junho passado e agora estão devidamente arquivados pelos governantes. Enquanto isso, obras prioritárias continuam recebendo pouca atenção — ou atenção nenhuma.
A revista O Empreiteiro tem acompanhado a maturação no uso da chamada modalidade BIM no projeto, construção, gestão e manutenção de obras públicas nos países industrializados. O mecanismo à base de desenhos em formato eletrônico pode ser blindado contra alterações não autorizadas, possui fácil transmissão via internet e é acessível a todos, permitindo ainda que os comentários das partes legalmente envolvidas sejam registrados e rastreados. Resultado: transparência total no processo, em termos especificamente técnicos, prazos de execução, custos, impedimentos legais (inclusive ambientais), modificações autorizadas e seu custo, pagamentos efetuados e quando, atrasos em licenças etc.
O uso da modalidade BIM tem se difundido nos órgãos de transporte dos estados norte-americanos — chamados Department of Transportation (DOT) — e órgãos contratantes públicos e privados da Europa, Ásia e Austrália. O governo da Inglaterra já cumpriu metade do programa para padronizar a modalidade BIM no setor de obras públicas, com a meta ambiciosa de obter 20% de redução nos custos de execução dos projetos, até 2016.
O setor privado, mormente em empreendimentos industriais complexos e projetos off shore para petróleo e gás, já comprovou o potencial de redução de custos da modalidade BIM, suportada por um conjunto de softwares avançados de gestão, ao facilitar a colaboração entre as partes envolvidas, que passam a perseguir objetivos comuns, compartilhando informações ao invés de escondê-las, mesmo entre contratantes e contratadas.
O Brasil já começou a implementar a modalidade BIM no Dnit e no Exército, seguindo o pioneirismo da Petrobras no uso de modernos softwares em projetos de engenharia nos seus empreendimentos. Mas ainda falta uma decisão no nível da cúpula do governo federal para difundir essa prática por todos os seus órgãos contratantes, sem exceção.
A exemplo da Inglaterra, consultorias privadas poderiam ser contratadas para gerir o processo, que terá de superar resistências arraigadas durante décadas — empilhar e folhear processos printados em papel. Uma revolução cultural que vai tomar tempo.
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Os governos estaduais, com ou sem convicção, terão de seguir o mesmo movimento, tornando todo o processo de contratação e gestão das obras públicas claramente transparente. Isso também vai influenciar a administração das prefeituras dos 500 maiores municípios brasileiros. O papel dos estados nesta transformação cultural na gestão de obras públicas seria crucial, porque oito dos maiores deles já movimentam, juntos, um volume de recursos (pagos) superior ao da União, em obras públicas.
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A teoria é linda, mas a prática nem tanto. A sociedade brasileira não suporta mais a obsolescência da infraestrutura. A economia de recursos e a redução de prazos obtidas com a modalidade BIM e o uso de softwares de gestão de projetos permitiriam executar, talvez, o dobro de obras com o mesmo dinheiro. Os projetos eletrônicos calcados no BIM têm o potencial de repetir o que a internet fez com a correspondência tradicional em papel. A tecnologia existe e está pronta para ser utilizada — resta saber quem vai ousar levantar a bandeira da transparência.
OBS:. Ver matéria na página 22: Megaprojetos – Governo inglês adota modalidade BIM e busca economia de 20% no custo das obras públicas.
Fonte: Revista O Empreiteiro
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