Vou bater na mesma tecla. Não sei quantas vezes já o fiz e nem imagino quantas vezes ainda o farei. Mas insisto em reiterar que o cidadão do meu País talvez seja o mais desrespeitado do mundo. Se não for o mais, jamais foi o menos. E, de nada tem adiantado ele participar de manifestações, gritar coletiva ou solitariamente nas ruas. Para ele sobra a polícia sob a alegação de desacato ou de acusações constrangedoras mais. É desrespeitado nas ruas, no hospital, no transporte público. Enfim, aonde quer que esteja.
É desrespeitado, sobretudo, pela falta de planejamento nas ações das administrações públicas. Vou citar apenas dois casos que ilustram esse desrespeito nacional crônico. O Rio, por exemplo.
Muito bem que ali estão sendo realizadas as obras de renovação e revitalização da zona portuária. Os prospectos e as notícias oficiais assinalam as benfeitorias em curso. Mas, houve ali efetivo planejamento para se evitar o caos? Experimente, caro cidadão, circular por ali no começo, no meio e no fim do dia. A constatação é de que não houve planejamento prévio para a remoção, gradual, da Perimetral.
Quando, com as primeiras remoções das peças metálicas, se observou que o caos era inevitável, o secretário municipal de Transportes sinalizou que nos dias seguintes seriam feitos pequenos ajustes de semáforos, pequenas mudanças de mãos. Ora, sabendo-se, como já se sabia, que o conjunto da obra viária ali em construção só deverá ser concluída em 2016, por que não foi elaborado um planejamento, uma rota de fuga, com antecedência? O que houve, portanto, foi a ausência de planejamento, ou seja, um tapa na cara do cidadão.
Outro caso que ilustra esse desrespeito são as faixas exclusivas de ônibus em São Paulo, além da própria alteração de linhas de ônibus. Passageiros que costumavam pegas ônibus na Vila Gomes na rota para a Vila Míriam, vão parar na Vila Sônia. Aparentemente a troca foi para canalizar passageiros para a estação Butantã do Metrô, que, por sinal, é outro exemplo de absoluta falta de planejamento, porque ali não há como o cidadão desembarcar de carro para acesso ao metrô. Quanto às faixas exclusivas, muito há a se dizer.
Lastimavelmente, numa cidade que já teve um Jorge Wilheim e outros urbanistas de estatura semelhante, o planejamento tem ficado invariavelmente para depois das decisões tomadas.
Quanto ao caos no trânsito carioca, lembro a fala mansa do prefeito Eduardo Paes. Ele pede à população que recorra ao transporte público ou organize caronas. Ou seja: que a população trata de se virar como puder.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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