A Odebrecht vai investir de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões nos próximos três anos em diferentes áreas de atuação. Anualmente o valor ficará entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, segundo informa o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, em reportagem do jornal Valor Econômico. Segundo o presidente, esse é o valor que está compromissado. “Pode crescer à medida que outros projetos sejam visualizados", disse ao Valor.
Segundo ele, os aportes serão diversificados. "Haverá muito investimento em infraestrutura, por meio de concessões e PPPs [parcerias público-privadas], no Brasil e no exterior. Vamos investir ainda em petroquímica, como no projeto do México [da controlada Braskem ], que ainda está em conclusão. Também na área de saneamento e em óleo e gás", afirmou.
Em infraestrutura, puxará os investimentos do grupo nos próximos anos a controlada Odebrecht Transport. A companhia participou das licitações de concessão do governo federal e conseguiu conquistar a rodovia BR-163 em trecho do Mato Grosso, além do aeroporto do Galeão (RJ). Também juntou ao portfólio no ano passado a liderança dos investimentos na linha 6-Laranja do metrô paulista, por meio de um contrato de PPP firmado com o governo do Estado.
Nos próximos dias, também deve ser anunciado como o vencedor da licitação de concessão da PR-323, no Paraná. Juntos, os ativos somam mais de R$ 25 bilhões em exigências de investimentos ao longo dos contratos. Apesar de liderar os investimentos, o montante de concessões e PPPs prevê, na maioria dos casos, a parceria com sócios e financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A companhia continua interessada em licitações de transporte, mas ainda estuda a viabilidade das ferrovias. "Estamos avaliando, mas a questão das ferrovias ainda tem muito a desenvolver. Não dá para nesse momento tomar alguma decisão", afirmou ao Valor. "Não é só a questão do marco regulatório. O que você tem de olhar é projeto. Projeto bom é projeto bom".
Marcelo também falou ao Valor sobre as críticas atuais ao cenário econômico – que, segundo ele, são pautadas pelo investidor de curto prazo. "Acho que tem de separar o empresário do investidor financeiro. O empresário não toma nenhuma decisão de investimento baseado no humor do mercado. Ele foca normalmente na oportunidade que visualiza no dia a dia", diz. "Muito do que você vê na mídia reflete o investidor financeiro, que não é de longo prazo. Nenhum país pode ficar à mercê dele."
Na opinião do presidente, não existe crise de confiança dos empresários. "Quem investe no negócio com visão de longo prazo não está preocupado com uma questão conjuntural do momento. Eu não acho que existe nenhuma crise do empresariado para investir", afirmou ao Valor.
Marcelo também mencionou que, no momento, a crítica ao cenário do país é exagerada. "Da mesma maneira que há dez anos se exagerou quando se pensou que o país era o melhor do mundo e que nada de errado iria acontecer, agora está exagerando para outro lado. O país continua com os mesmos desafios estruturais e oportunidades de dez anos atrás." E elogiou o diálogo entre governo e indústria. "Tem coisa a ser melhorada? Tem. Tem questões de disputa de setor empresarial e [da equipe] econômica? Tem. Por exemplo, a questão dos tributos dos lucros no exterior. Mas de fato poucas vezes a gente viu uma interlocução tão profunda com o setor produtivo".
Fonte: Jornal Valor Econômico
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