Inaceitável a ideia de que os desastres simplesmente acontecem. E o viaduto Guararapes, sobre a avenida Pedro I, em Belo Horizonte, que integra um conjunto de obras do projeto de mobilidade urbana  para a passagem de uma linha do BRT, não caiu por acaso, conforme mais tarde investigações técnicas comprovarão.  Alguma falha houve e o resultado mais trágico são as perdas humanas irreparáveis.

 

Mas, além dos óbitos, há outros danos: o período em que a área do viaduto ficou delimitada unicamente para as obras de engenharia; os gastos  de R$ 171,7 milhões, financiados pelo governo federal ,e a expectativa da cidade, para ver o complexo funcionando e desafogando o trânsito permanentemente pesado.  

 

Podemos citar também o que esse desastre representa para a imagem da engenharia. A obra estava sob a responsabilidade de uma construtora tradicional, a Cowan, que ao longo dos anos vem executando obras importantes nos mais diversos segmentos da infraestrutura, em Minas Gerais e em outros Estados.

 

O que chama a atenção, nesse caso, é o que a população vê e debate: Por que o local em que a obra, ainda em construção, estava liberada ao tráfego? Essa observação é ainda mais pertinente, por conta da informação de que em fevereiro último, outro viaduto, que faz parte do complexo – o viaduto Montese –  apresentou um deslocamento de 27 cm e justificou uma interdição de quatro dias em trecho daquela avenida. Houve necessidade de reforço no escoramento do Montese para se evitar futuros riscos.

 

Toda obra urbana – e temos aí os casos ocorridos em São Paulo e em outras cidades  – exigem cuidados rigorosamente adicionais, além daqueles usualmente previstos. E a maior irresponsabilidade na ocorrência do Guararapes foi deixar que sob ele, e no entorno dele. a área fosse precocemente liberada.  

Fonte: Nildo Carlos Oliveira