Concessionária informa que o projeto custa R$ 1 bilhão e é prioritário para o Governo Federal

 

Augusto Diniz – Rio de Janeiro (RJ)

 

Está nas mãos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), aguardando aprovação, o projeto da nova descida da Serra das Araras, na Rodovia Dutra (BR-116). O consórcio CCR Nova Dutra, que opera a estrada e elaborou o projeto, informa que o custo das obras é de R$ 1 bilhão.
 

De acordo com os estudos, a nova descida se procederá ao lado do traçado da atual pista de subida da serra. A construção se dará no lado esquerdo de quem sobe a rodovia, sentido Rio-São Paulo.

 

De acordo com Virgílio André Ramos Leocadio, gestor de Atendimento no trecho Rio de Janeiro da CCR Nova Dutra, o projeto é considerado prioritário pelo Governo Federal. “Mais de 50% da economia nacional passa de alguma forma pela Dutra”, afirma. “Por conta disso, o tráfego de longa distância precisa ser cuidado.”

 

Ele explica que o projeto foi “redesenhado”. Inicialmente, estudava-se duplicar a pista de descida, que foi inaugurada em 1928. Porém, o traçado bastante sinuoso e sem acostamento em muitos trechos fez com que a CCR optasse por outra solução.

 

“O traçado será diferente da pista de subida. Será preciso alterar alguns traçados. Haverá um túnel de 400 m”, conta Virgílio. Ele explica que estudos iniciais do atual projeto indicavam um túnel maior. A nova subida terá 8,9 km.

 

Serra das Araras é um dos principais obstáculos naturais da Via Dutra

 

Baixada Fluminense

A passagem da rodovia pela Baixada Fluminense, cortando cinco municípios, é outro desafio da CCR Nova Dutra. Só que esta já recebe melhorias da concessionária há algum tempo visando facilitar o tráfego rodoviário. Pelo menos R$ 200 milhões foram investidos no trecho para construção de marginais, mas outras obras virão dentro de um pacote de projetos de R$ 3 bilhões, com intervenções diversas ao longo dos 402 km da rodovia, que também está na ANTT aguardando aprovação. “Existem obras contratuais (de concessão) e outras novas”, diz Virgílio. “Esses projetos têm amplo impacto no entorno”.

 

Virgílio André Ramos Leocadio, da CCR Nova Dutra

 

A Dutra no trecho da Baixada Fluminense, no Grande Rio, é altamente adensada e absorve tráfego de 170 mil veículos/dia. O trânsito pesado é inevitável durante várias horas em qualquer dia da semana. “Eles usam a rodovia como avenida. Cerca de 90% não é tráfego rodoviário no trecho da Baixada”, relata.

 

Por conta disso, a CCR realizou a extensão das marginais da rodovia para tirar de seu eixo central os veículos que não são de longa distância. A ampliação representou a ocupação de toda faixa de domínio que é de apenas 60 m naquele trecho. “O ideal seria termos 90 m”, expõe o gestor.

 

Porém, a ocupação desordenada das margens da estrada criou dificuldades. “Isso é uma dificuldade de convívio muito grande, inclusive com paredes de casas”, cita. Embora o trecho da Rodovia Dutra na Grande São Paulo também seja altamente adensado, a ocupação às margens se dá mais com comércio e galpões industriais. Além disso, a faixa de domínio alcança até 120 m, o que facilita a operação e eventuais obras no trecho, ao contrário da Baixada Fluminense – vale destacar que no trecho da Grande São Paulo, em Guarulhos, também estão sendo ampliadas as marginais.

 

 

Trabalhos de alargamento de viadutos na Baixada Fluminense prosseguem enquanto se estuda a ampliação das marginais no trecho marcado por trânsito intenso de veículos

 

Já existem marginais no trecho da Baixada Fluminense do km 166,5 até ao km 176 (no sentido RJ-SP) e km 178 (no sentido SP-RJ). O projeto da CCR que está na ANTT prevê a extensão das marginais nos dois sentidos até km 182,5, no Viaduto das Posses, em Nova Iguaçu. Depois, a proposta é fazer uma faixa adicional (uma em cada sentido) até Queimados (km 190).

 

Também há projeto de complementação das marginais no trecho da Dutra no Rio de Janeiro, que fica entre o acesso à Linha Vermelha e à avenida Brasil.

 

Apesar das obras das marginas da Dutra na altura da Baixada Fluminense, Virgílio explica que a solução passa também pela necessidade de criar uma interligação dos municípios da região com as principais vias do Rio.

 

Os moradores da Baixada Fluminense teriam como opção a Via Light, mas o gestor da CCR diz que falta a ela acesso à cidade do Rio. O Arco Rodoviário, recém-inaugurado e que liga a Dutra, antes da chegada à Baixada Fluminense, ao porto de Itaguaí e as BR-040 e BR-101, “já tem algum reflexo positivo no tráfego na região”, revela Virgílio, mas ele diz que ainda precisa mensurar melhor os efeitos.

 

Uma última opção seria a construção da Transbaixada, um projeto ainda no papel do governo para interligar a região. “Seria importante também criar outro modal de transporte para tirar o ônibus da estrada”, lembra o gestor.

 

Atualmente, há três obras na Baixada de alargamento e reforço estrutural. Este mês (agosto), iniciam-se as obras em mais duas. No entanto, a obra mais importante de travessia hoje na Dutra, no trecho do Rio, realiza-se entre os municípios de Resende e Porto Real. Uma nova ponte de 200 m está sendo construída e a conclusão está prevista para o início de 2015. “Tem projeto de alargamento de travessias até 2020 na rodovia”, relata Virgílio.

Fonte: Revista O Empreiteiro