O primeiro tema é inspirado por uma afirmação da presidente. Ela disse, textualmente, que investigação “não é função da imprensa”. Obviamente tentou consertar  o que disse, dizendo que o que disse não é bem assim. De qualquer forma, fica o registro do que lhe vai provavelmente pelo fundo da consciência. Ou da inconsciência. Mas, investigar, em um país em que se investiga insatisfatoriamente, para que depois as causas e as consequências das investigações acabem  virando segredo de justiça, é uma atribuição da imprensa e, acredito, uma de suas mais importantes responsabilidades. Uma imprensa conformada, calada, submissa, sobretudo sob o controle do poder, é uma contrafação, um mal que deve ser extraído da democracia. Investigar é uma questão de cidadania. E ponto.

 

O segundo tema é o do superfaturamento. De norte a sul, de leste a oeste, por onde haja obra pública menor ou maior, há superfaturamento. Calculo que o Tribunal de Contas da União não dê conta nem sequer de contar as embrulhadas de tantas obras públicas escandalosamente hiperfaturadas.

 

Não vou me referir a muitas obras desse tipo. Quero citar, hoje, apenas uma: a da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, em Pernambuco. Auditoria do TCU aponta que ali o hiperfaturamento é da ordem de R$ 367 milhões. O espantoso é que o país continua a suportar a desmedida desse descalabro.  

 

E, o terceiro tema, é o atraso de obras públicas. Cito o exemplo da estação Fradique Coutinho, do metrô-SP. Conforme tem acontecido rotineiramente com outras obras do metropolitano e de outras áreas de atividades, tudo por aqui atrasa, num flagrante desrespeito para com o usuário e os moradores que vivem nas áreas de entorno das obras atrasadas. É um desespero lento, que leva à exaustão e à impaciência. O pior: o poder público tem reiteradamente demonstrado que não se importa com isso. A cidadania que recorra ao papa.  

 

Luciano Amadio, presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), afirma, em artigo publicado terça-feira última na FSP,  que o “pecado original  das obras públicas no Brasil é a falta de planejamento e de bons projetos combinados com o excesso de burocracia  e a lentidão que marcam a máquina pública”. Acho que é muito mais do que isso: é  falta de vergonha, mesmo. 

Fonte: Nildo Carlos Oliveira