Há uma questão técnica, já amplamente debatida (ver revista OE 533) e uma questão climática, que não pode ser dissociada dos graves problemas relacionados com o aquecimento global, permeado por questões políticas locais, regionais e externas.

 

A questão técnica diz respeito a falhas de planejamento para prever a construção de reservatórios adicionais aos existentes, sobretudo o de Cantareira, construído nos anos 1970 e que, desde aquele tempo, prossegue o mesmo, embora o processo de urbanização da região metropolitano de São Paulo haja se intensificado.

 

Técnicos asseguram que o monitoramento prévio do regime dos rios e as análises meteorológicas teriam permitido à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) se antecipar ao problema que hoje aflige a população paulistana. O Sistema Produtor São Lourenço, atualmente em execução, deverá ser colocado em operação somente por volta de 2018. E, assim mesmo,  para abastecer  uma  população de apenas 1,5 milhão de consumidores.

 

Obviamente o problema tem outras raízes.  A estiagem no Sudeste, a mais longa nos últimos 80 anos,  coloca o governo contra as cordas. Mas, a estiagem pode estar  ligada a outros fatores, em especial  ao aquecimento global, que está alterando em profundidade o clima do planeta.  Pode-se aventar que isso pode ser um escapismo, mas não é.  O aquecimento global está mudando o mundo. E, mudando para pior.

 

Por essas e outras fico com o pensamento do professor Marcelo Vargas, da Universidade Federal de São Carlos. Ele diz que “há uma mudança mundial na maneira de pensar na gestão da  água e que o uso prioritário é o abastecimento urbano, embora seja necessário assegurar os usos múltiplois”. Para se conseguir isso, só com planejamento e tirocínio e práticas políticas forjadas na consciência de que o partidarismo medíocre apenas aumenta o problema.  

Fonte: Nildo Carlos Oliveira