Jorge Hage, ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), pediu ontem demissão do cargo. E, aproveitou a oportunidade, sabendo que suas palavras ganhariam maior ênfase hoje, Dia Internacional contra a Corrupção, para criticar a carência de meios para fiscalizar as empresas estatais, sobretudo as de economia mista – caso da Petrobras.

Evidentemente, não deveria haver quaisquer óbices à ação do exercício fiscalizador junto às  estatais. No entanto, elas ficam permanentemente fora do radar dos órgãos que precisam analisar o que elas estão fazendo. Se não houvesse essa dificuldade, com certeza o caso Pasadena não teria dado no que deu. E, outras estripulias de maior ou menor porte, com graves prejuízos à empresa e a todos nós, teriam sido ao menos inibidas.

O ministro deixa o governo consciente do que pode fazer e, possivelmente mais consciente ainda, do que poderia ter feito. Austero, já transmitiu ao País, há algum tempo, um recado importante, resultado de sua longa experiência na CGU. Diz ele que  há três providências  que podem ser adotadas para ajudar o País a coibir a corrupção: a reforma política, capaz de diminuir o número de partidos e consequentemente os custos das campanhas eleitorais; a reforma do processo judicial, que pode dar ao Judiciário a celeridade que obviamente ele não tem e que é responsável por delongas de toda ordem em especial nos trabalhos para julgar casos de corrupção, e a necessidade de uma integração de estados e municípios  ao esforço do governo federal, na mesma trincheira.

Claro que essas medidas não são suficientes. Mas são a abertura de um caminho.  O que não pode é o País continuar com a iníqua sangria desatada do dinheiro público, cuja conta, ao final, será apresentada a quem menos tem a ver com isso: nós. 

Fonte: Nildo Carlos Oliveira