É um tema que continua a suscitar debates. Difícil, portanto, deixar de meter o bedelho nele.
Tenho observado as referências aos chamados “Arcos do Jânio”, descobertos na administração do prefeito nos anos 1980. Na época me pareceram – e continuam a me parecer – uma riqueza destinada a valorizar uma fase da cidade. É um documento da arte da construção – uma síntese de como as coisas eram feitas. Recorria-se à técnica da taipa de pilão para a obtenção de construções sólidas. Se possível, imemoriais.
Conforme disse, em artigo, o caríssimo professor Carlos Lemos, trata-se, no caso, de uma estrutura que não tem a função apenas de “um arrimo ao longo de um talude; foi calculada como meia ponte e também suportava as cargas verticais oriundas das construções em deferentes níveis” demolidas na administração Jânio Quadros. Carlos Lemos chega a lembrar trabalho do engenheiro Augusto Carlos Vasconcelos, que inclui os arcos em uma de suas obras enfocando estruturas urbanas.
Ora, documento é documento. Sobretudo, um documento histórico tombado. Não haveria porque carregar nas tintas para alterar-lhe a feição que, embora eterna (pelo menos enquanto durasse), não deveria sofrer alterações. Mas, alterações houve. E com a aquiescência equívoca do poder público.
Não vai aqui crítica à arte dos grafiteiros, que estão aí para provocar, comover e, se possível, agredir para conscientizar. Mas, há um divisor de água. E, um acervo da história não deve ser objeto de mudanças que lhe alterem a mensagem e a autenticidade. Senão, não seria documento.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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