Está aí, em jornal de hoje, a notícia, de que o ex-presidente Lula da Silva vai sugerir à presidente Dilma Rousseff que faça um afago na classe média. Como se, com um simples afago, a classe média pudesse deixar de ser uma classe que reivindica, não se entrega e começa a dar um pontapé na passividade.
O afago seria assim: a presidente aceitaria a correção da tabela do Imposto de Renda para o patamar de 6,5%. Tal base de correção, em tese, já é inexpressiva. Mas, vá que isso seja um afago. Seria suficiente para levar a classe média a um processo de hibernação? A uma predisposição para concordar que tudo está bem, que caminhamos no melhor dos mundos? Longe disso. A classe média e, acredito, o conjunto da sociedade, quer outra coisa.
Ontem, no evento do 11º Construbusiness, na Fiesp, que teve a presença de dois ministros, do presidente do Tribunal de Contas da União e de representantes de outras instâncias de poder, além de empresários – sobretudo de empresários da construção – o que se via era a vontade de que haja no País vontade política de fazer as coisas. Mas, de fazê-las, com o volume de impostos com que o governo já conta. E, não é pouco: quase R$ 2 trilhões. É muito dinheiro extraído de uma indústria fragilizada e de uma população igualmente debilitada em seus recursos mínimos, que carece de saúde, habitação, segurança, água, energia e mobilidade.
Apesar disso, o governo não fala em emagrecer o corpo enxundioso da máquina pública. Quer mais dinheiro para ampliá-la e azeitá-la.
A classe média rejeita o afogo. O que ela quer é condição para que o País cresça, se ajuste e proporcione os meios necessários para que a população tenha uma vida decente.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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