A perspectiva dos empresários da indústria da construção com relação ao desempenho das empresas piorou em fevereiro, mantendo a tendência observada ao longo de 2014, de acordo com a 62ª Sondagem Nacional da Indústria da Construção Civil, realizada pelo Sinduscon-SP e pela FGV.

A percepção dos empresários com relação ao desempenho atual de suas construtoras recuou 5,9% em relação ao levantamento anterior, realizado em novembro, e 23,6% em 12 meses. Na comparação com igual período do ano anterior, a queda foi registrada em todos os componentes do indicador de desempenho, com destaque para o volume de negócios e número de empregados. Dados da pesquisa de emprego do Sinduscon-SP/FGV indicam que no primeiro mês do ano houve retração nas contratações, configurando o primeiro resultado negativo de série histórica para um mês de janeiro.

A perspectiva de desempenho para os próximos meses os sinais de pessimismo são ainda mais claros, com queda de 10,4% na comparação com o levantamento anterior e de 26% em 12 meses. O sentimento geral entre os empresários é de que as dificuldades continuarão à frente, portanto, indicando que não há perspectiva de retomada nas contratações no curto prazo.

O único item em que as empresas apresentaram uma percepção positiva foi com relação aos custos setoriais (alta de 5% em 12 meses), sinalizando que os empresários esperam uma evolução mais favorável nos próximos meses. Sobre a condução da política econômica, as perspectivas apontaram alta de 41,7% e de 2,2%, respectivamente na comparação com novembro de 2014 e em 12 meses. Ao mesmo tempo, a perspectiva com relação ao crescimento econômico caiu 12,4% ante o levantamento anterior e 53,9% em 12 meses, enquanto a perspectiva de inflação reduzida apresentou queda de 39,1% e 20,5% nas mesmas bases de comparação.

O indicador de dificuldades financeiras permaneceu alto, em 60,5, e crescendo na comparação com o ano passado, indicando um crédito mais caro e mais difícil para as empresas da construção. É importante reforçar que a Sondagem aborda um horizonte temporal de apenas alguns meses à frente, com a expectativa de continuidade da redução da atividade setorial e da economia, alta de preços e restrição do crédito. Para um setor de ciclos longos, como o da construção, essas dificuldades irão repercutir em um horizonte temporal maior.

Desempenho e perspectivas das empresas da construção1

 

Brasil

São Paulo

 

    Mês

Variação (%)

Mês

Variação (%)

 

Fevereiro

2015

Trimestre anterior

12 meses

 

Fevereiro

2015

Trimestre anterior

12 meses

Desempenho da empresa

37,7

-5,9%

-23,3%

 

38,3

-4,3%

-22,3%

Dificuldades financeiras

60,5

1,0%

6,9%

 

60,2

0,5%

7,2%

Perspectivas de desempenho

37,1

-10,4%

-26,0%

 

37,1

-9,8%

-26,5%

Perspectivas de evolução dos custos

50,4

-1,0%

5,0%

 

52,8

1,5%

8,8%

Condução da política econômica

24,9

41,7%

2,2%

 

27,3

61,2%

8,1%

Inflação reduzida

20,9

39,1%

-20,5%

 

23,1

60,7%

-15,0%

Crescimento econômico

13,2

-12,4%

-53,9%

 

12,9

-9,2%

-55,5%

                   

Fonte: Sinduscon-SP/FGV 1

Os dados apresentados na tabela estão dispostos numa escala que vai de “0” a “100”, tendo o valor “50” como centro. Isso quer dizer que valores abaixo de “50” podem ser interpretados como um desempenho, ou perspectiva, não favorável. No caso de dificuldades financeiras, no entanto, valores abaixo de “50” significam dificuldades menores.

Fonte: Sinduscon-SP