Augusto Diniz

As redes de água têm ganhado importância suprema para as concessionárias de abastecimento. Os motivos principais são dois: preocupação maior com a perda de água em tempos de escassez e elevados gastos de energia com bombeamento de água, em um período em que a energia elétrica passou a ter um peso expressivo no custo de operação.

“Maior gestão de ativos na área é mais do que evidente”, diz Douglas Miranda de Almeida, engenheiro da equipe de mapeamento e utilities da Bentley Systems. De acordo com ele, gastos com energia elétrica respondem por 1/3 das despesas de uma empresa de saneamento. Além disso, até uma rede tem até 40% de perda de água

A empresa tem solução tecnológica de modelagem hidráulica, o Watergems, usado a partir de dados georreferenciados, e que vem sendo aplicado com sucesso na otimização de rede de água. O modelo identifica o melhor agendamento de horário para, por exemplo, acionamento de bombas de pressão de água, além de identificação de problemas na rede que provocam desperdícios.

Alfredo Castrejon, responsável pelas operações da Bentley no Brasil, acha que abastecimento de água chegou a um momento crítico no mundo e os países tendem a buscar soluções baseadas na tecnologia, principalmente relacionadas à perda.

Prolagos

Um dos maiores cases de sucesso da solução no Brasil nasceu na Prolagos, do grupo Aegea – o projeto, inclusive, é finalista em 2015 da premiação anual Be Inspired, aberta às companhias de engenharia e construção e operadoras em todo o mundo, em vários segmentos da infraestrutura, que se destacam usando tecnologia da Bentley.

Wagner Oliveira de Carvalho, gestor de Projetos da Prolagos, explica que a solução foi usada por um ano e meio na busca de alternativas do sistema, municiando o desenvolvimento do novo plano diretor da empresa, aprovado recentemente.

A modelagem hidráulica envolveu todo o sistema de adução, distribuição, bombeamento e reservação da Prolagos. A ação permitiu à concessionária ter uma visão mais clara do planejamento, e dos investimentos a serem feitos na rede de abastecimento de água, para atender uma região de forte expansão populacional, priorizando inclusive as ações de melhoria de eficiência e otimização hidráulica.

“É um desafio nosso atender a variação populacional”, conta Wagner. A Prolagos abastece cinco municípios (Cabo Frio, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia e Iguaba Grande) da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro – conta-se hoje cerca de 400 mil residentes na região, mas no verão a população chega a 2 milhões de pessoas – a rede de abastecimento tem 2.290 km.

Com a solução da Bentley de modelagem hidráulica, será possível à concessionária investir na melhoria do sistema da rede de abastecimento e gestão melhor de seus ativos, atendendo as necessidades específicas e as demandas flutuantes.

Há também um custo excessivo de energia para atender a região. É que o manancial de água fica a mais de 50 km da área de abastecimento, na Lagoa de Juturnaíba, no município de Araruama, e bombas trabalham dia e noite para transportar a água à região de atendimento da Prolagos – e representam quase 80% dos gastos da empresa em energia.

Região dos Lagos é um dos principais polos turísticos do RJ. Expectativa é evitar desabastecimento no verão
com auxílio da tecnologia

Segundo Wagner, o consumo atual de energia é de 1,1 KWh/m³ na operação da rede de abastecimento da concessionária, mas, pela simulação feita com o software Watergems, o consumo pode cair a menos da metade, por meio de gerenciamento mais adequado, diminuindo os gastos anuais com energia elétrica em quase 1/3 do valor atual.

Fonte: Revista O Empreiteiro