A chinesa State Grid, gigante do setor elétrico, planeja investir R$ 15 bilhões no Brasil até 2020, informa o jornal Valor Econômico, na sua edição de hoje (10/11). O valor inclui a construção dos dois linhões de transmissão da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), com mais de 2 mil km de extensão cada, e para futuras linhas que a companhia pretende arrematar nos próximos leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

 

Segundo o presidente da State Grid no Brasil, Cai Hongxian, ouvido pelo jornal, para 2016, a previsão de investimentos é de R$ 1,6 bilhão.

 

Apenas os dois linhões de Belo Monte deverão exigir desembolsos de quase R$ 10 bilhões da companhia. No primeiro linhão, que a empresa detém 51%, em parceria com Eletronorte (24,5%) e Furnas (24,5%), a chinesa deverá investir R$ 2,5 bilhões, segundo estimativa em 2014. Com relação à segunda linha, em que a empresa é controladora integral, estão previstos investimentos de R$ 7 bilhões.

 

O objetivo da State Grid era construir a segunda linha também em parceria com empresas brasileiras, mas a companhia não conseguiu firmar acordo com nenhum sócio até o leilão, realizado em julho. A empresa ainda aceita negociar uma fatia no projeto. "Está difícil encontrar um parceiro local até o momento. E temos de fazer a obra", explicou Hongxian ao Valor Econômico.

 

Segundo o jornal, no fim deste ano, a companhia terá contabilizado um investimento total no País, desde sua chegada, em 2010, de R$ 9,7 bilhões, entre projetos que partiram do zero e aquisições de linhas de transmissão e do próprio edifício sede da filial brasileira, no centro do Rio.

 

No Brasil, a State Grid possui hoje cerca de 7 mil km de linhas de transmissão em operação e outros 6,6 mil km em construção, incluindo os dois linhões de Belo Monte.

 

Apesar do avanço no setor de transmissão, a companhia continua interessada em investir em geração de energia no País, informa o jornal. A empresa, segundo a reportagem do Valor, estuda participar do leilão de relicitação de 29 hidrelétricas marcado para o próximo dia 25. O foco está nas duas principais usinas do certame: Jupiá e Ilha Solteira, que pertenciam à Cesp e somam quase 5 mil megawatts (MW) de capacidade instalada, o equivalente a 80% do total que será licitado.

 

Juntas, Jupiá e Ilha Solteira exigem o desembolso de R$ 13,7 bilhões, sendo 65% à vista e o resto em seis meses.

 

A chinesa também tem interesse no próximo leilão de transmissão da Aneel, marcado para 18 de novembro. Para o certame, a companhia estuda algumas parcerias. Hongxian aprovou as mudanças implementadas pela autar

 

Com relação às obras em andamento, a chinesa prevê entregar ao Ibama no início de 2016 o estudo e o relatório de impacto ambiental do segundo linhão de Belo Monte, informa o Valor. Segundo o jornal, a expectativa é receber a licença de instalação do empreendimento até o início de 2017. O início de operação da linha está previsto para dezembro de 2019.

 

A companhia ainda aguarda a emissão da licença de instalação pelo órgão ambiental para o primeiro linhão, previsto para entrar em operação em janeiro de 2019.

 

O cronograma do projeto apontava o recebimento do aval do Ibama em julho. A demora, porém, pode causar um impacto ainda maior no empreendimento, já que neste mês começa o período chuvoso, o que dificulta o trabalho no canteiro de obras.

 

Sobre a linha de transmissão que conectou a hidrelétrica de Teles Pires, no Mato Grosso, ao Sistema Interligado Nacional (SIN), de mais de mil km, concluída no fim de outubro, cerca de dez meses após o previsto, Hongxian disse que o empreendimento, de mais de R$ 1 bilhão de investimento, foi um "aprendizado". A State Grid detém 51% do projeto, em parceria com a Copel (49%).

Fonte: Valor Econômico