A Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), órgão do governo do Estado de São Paulo que tem a competência de realizar obras, manutenção e fornecimento de mobiliários e equipamentos às cerca de 5.400 escolas da rede pública, deverá em breve fazer a sua primeira licitação de projeto entregue em BIM, provavelmente para adequação de acessibilidade ou reforma.
 
Segundo o arquiteto Ricardo Grisolia Esteves, chefe do departamento de Especificações Técnicas, ligado à Diretoria de Obras do FDE, a medida significará na prática o uso da metodologia BIM (Building Information Modeling) no órgão.
 
O primeiro contato do FDE com o BIM foi 2008. No ano seguinte foram feitas as primeiras simulações e, depois, os estudos de viabilidade iniciais. Efetivamente, o processo de implantação começou em 2014, culminando esse ano com uma audiência pública sobre a implementação da tecnologia, que promete dar mais transparência e controle de custos ao órgão.
 
Para transformar o processo na metodologia BIM, a Fundação adotou o Building Design Suit da Autodesk, incluindo as soluções Revit (utilizada para desenvolver projetos de arquitetura e estrutura), Inventor (execução de modelagem de mobiliário para fabricação) e o Navisworks (para compatibilização das disciplinas de projeto, incluindo arquitetura, estrutura, hidráulica, elétrica).
 
“O projeto BIM foi proposto pela área técnica do FDE e não uma adoção de cima para baixo. Isso criou expectativas sobre o futuro do projeto”, conta Ricardo. “A audiência pública foi importante para consolidar a iniciativa. Para ratificar e tornar público o projeto. Deu publicidade ao que o FDE estava fazendo. Isso foivum alívio para nós”.
 
O FDE chega a fazer por ano a contratação de 3 mil projetose execuções de obras novas, ampliações, acessibilidade, proteção contra incêndio de acordo com as normas vigentes, manutençãove restauro.
 
De acordo com a arquiteta Mônica Geraes Duran, da área de Especialização e Desenvolvimento de Mobiliário e Equipamentos do FDE, o BIM trará racionalização de informações e processos, a partir de uma coordenação modular, com padronização de componentes, serviços, mobiliários e equipamentos.
 
A primeira fase de implantação do BIM na FDE envolveu reuniões técnicas, modelagem de dois edifícios existentes como iniciativa piloto, confecção de bibliotecas, modelagem de mobiliário, elaboração de manuais, capacitação e consulta a escritórios e profissionais de arquitetura e engenharia nas mais variadas disciplinas.
 
“Além das barreiras técnicas, existem a resistência humana e a necessidade de aculturamento interno ao uso da nova tecnologia.
 
Assim, a capacitação no FDE foi um desafio e tanto”, afirma Ricardo. Ele explica que o BIM tem sido implantado de forma paulatina, e nesse primeiro momento os softwares aderidos à tecnologia têm trabalhado na identificação de interferências de disciplinas e inconsistências, na extração de quantitativos e nos estudos de implantação de projetos.
 
“Vamos agregando mais competência ao BIM ao longo do tempo”, diz Ricardo. Segundo o arquiteto, a rede de ensino é muito grande e o maior desafio sempre foi saber as mudanças sofridas nas escolas ao longo do tempo, pois não existe nenhum cadastro disso. “Temos tentado ganhar experiência do BIM em operação e manutenção, por que 80% dos recursos do FDE são destinados para isso. A metodologia provisionará recursos de maneira eficaz às práticas”, finaliza. (Augusto Diniz)

Fonte: Revista O Empreiteiro