O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) informou que o PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil no país deve fechar 2019 com um crescimento de 2%, na comparação com 2018.   

Em 2020, a previsão é de crescer 3%. Ressalta-se que o PIB geral tem previsão de aumento em 2019 de 1,3%, e no ano que vem, avanço de 2,2%. 

Com o PIB da construção positivo este ano, o setor encerra a série de queda apresentada desde 2014 – em 2017 o setor da construção chegou a ter retração de 9,2%. De 2014 até o ano passado, o PIB despencou 30%. 

“O ambiente melhorou, mas longe de uma recuperação robusta. A economia ainda não está com o dinamismo que se espera”, avalia Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia da entidade, ressaltando que é preciso dar continuidade às reformas. Além disso, o quadro internacional não ajuda. 

As vendas no mercado interno do principal insumo da construção civil, o cimento, segundo dados apurados pelo Sinduscon, avançaram 2,9% de janeiro a outubro de 2019. 

Já o volume de vendas do mercado do comércio varejista de construção vem apresentando crescimento positivo desde agosto de 2017 e até o momento a variação em relação a 2018 gira em torno de 4%. 

Já o segmento de edificações não deverá apresentar alteração na comparação com 2018, uma vez que as vendas no mercado imobiliário se mantém estáveis. 

Se apurar apenas o PIB da infraestrutura, o crescimento previsto será menor do que o da construção civil: 1,87% (público – 0,65% e privado – 1,22%). “A infraestrutura vai levar tempo para se recuperar. Depende muito do recurso externo”, diz Zaidan. 

De forma geral, os dados indicam, segundo a entidade, que o segmento de autoconstrução, manutenção e reformas (aqueles feitos por pequenos empreiteiros e os próprios compradores de insumos) seguirá liderando a recuperação. 

O setor de edificações residenciais aumentará o ritmo de crescimento, impulsionando o segmento de serviços especializados (acabamento e instalações), enquanto as obras de infraestrutura devem seguir mantendo um ritmo lento de recuperação. 

A indefinição em relação à continuidade do programa Minha Casa, Minha Vida preocupa.

O programa, que tinha se mostrado eficaz tanto na diminuição do déficit habitacional quanto na atividade econômica do setor, pode ter impactos negativos, se ocorrerem novas paralisações e atrasos de pagamento, segundo o Sinduscon. 

O Comitê Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em levantamento preliminar no programa, conta 8.922 obras com pagamentos atrasados. 

“O problema fiscal do governo, as famílias sem recursos e o emprego informal prejudicam o MCMV”, afirma Odair Senra, presidente do SindusCon-SP. 

Já o emprego na construção civil, as perspectivas são de crescer 1,8%, alcançando 2.331.586 o estoque de trabalhadores no setor. 

Avanço mais representativo de empregos na área de projetos, apresentando na pesquisa da entidade, indicaria demandas no início da cadeia do setor, o que poderia estar apontando obras a médio e longo prazo.

“Significa aquecimento de motores”, diz Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV. Ela explica que o setor é de ciclos longos e os projetos não chegaram ao seu momento principal de obras. A analista, no entanto, não enxerga ainda sustentabilidade de crescimento pleno no setor da construção civil. 

Um dos principais fatores limitativos à melhoria dos negócios, de acordo com pesquisa junto as empresas, é o acesso ao crédito bancário, fruto da insolvência registrada no setor nos últimos anos, além da baixa demanda do mercado. 

Há, no entanto, uma percepção que o pior já passou.