Principal área de ligação entre os diversos polos do centro da cidade de São Paulo, o Vale do Anhangabaú está em obras de requalificação. Há hoje cerca de 50% de avanço das obras. O valor total da reforma é de R$ 80 milhões.
As intervenções se procedem em uma área de 53 mil m². As obras tiveram início em maio do ano passado e tem previsão de conclusão em junho.
O consórcio contratado pela prefeitura de São Paulo, após vencer concorrência pública para execução dos serviços, é composto pelas empresas Lopes Kalil Engenharia e FBS Construção Civil e Pavimentação.
O gerenciamento da obra é da SP Obras, ligada à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB).
O objeto do contrato com o consórcio envolveu a elaboração dos projetos executivos e execução das obras de requalificação e reurbanização do Vale do Anhangabaú, entre o Viaduto do Chá e o Viaduto Santa Efigênia.
A obra também se estende à rua São João, que cruza o Vale, entre o Largo Paissandu e a Rua Líbero Badaró, e no entorno da Praça Ramos, que é tombada pelo patrimônio histórico, fica anexa ao Vale e não está no escopo da requalificação.
O projeto engloba ainda instalação de 12 quiosques metálicos com infraestrutura de água e luz, área com 840 aspersores de água ligados a tanques subterrâneos e sistemas de drenagem, pista de skate, assentos, entre outros itens.
Luiz Carlos Giovanelli, coordenador do núcleo de infraestrutura da SP Obras, diz que a primeira etapa das obras será entregue dia 22 de maio, com a área de eventos concluída, para atender a Virada Cultural na cidade.
Hoje, com terraplenagem finalizada (quase 30 mil m³ de movimentação de terra), está sendo montada a parte da infraestrutura elétrica, que será enterrada, e hidráulica. A iluminação pública será automatizada e com sistema LED.
Interferências no subsolo
Um dos grandes desafios da obra, de acordo com Luiz Carlos, é a remoção das inúmeras redes no subsolo, muitas delas enterradas a poucos metros da superfície.
O Vale do Anhangabaú, por ser um ponto de travessia no centro da cidade, por ali passam redes de saneamento, gás, energia elétrica e pelo menos duas dezenas de redes de concessionárias de telecomunicações. O número de interferências no subsolo, portanto, são enormes.
Por conta disso, uma galeria técnica de 1,2 km de extensão, com 2,30 m de altura e 3,20 m de largura, possível, portanto, de se caminhar pela mesma, já está quase concluída no entorno da área, para passagem somente das redes de telecom. A galeria terá seis extremos e as concessionárias farão interligação das suas respectivas redes somente por meio dela.
A galeria, construída no subsolo do Vale com aduelas pré-moldadas forradas com uma manta impermeabilizante da Denver, permitirá acesso para manutenção da rede.
As obras se dividiriam em trechos ao longo do Vale, relata o coordenador, mas a quantidade de redes no subsolo fez com que elas fossem conduzidas em toda área, por que não daria para realizar a remoção das redes em fases.
Na medida em que se faz uma interrupção da rede por conta da obra, a melhor solução está sendo tentar realizar toda a sua remoção de vez, para evitar seguidas interrupções em diferentes períodos nas redes existentes que cruzam o lugar.
Toda drenagem no local está também sendo refeita e vale lembrar que o Vale do Anhangabaú tem dois túneis passando no subsolo além de cursos d’água canalizados. Mas as atuais obras não atingem essas estruturas.
Sistema de aspersão de água
Estão sendo construídas ainda seis cisternas, cada uma com capacidade para 170 m³, e dispostas ao longo do Vale, para atender um sistema de água com 852 aspersores espalhados em um trecho no nível da superfície da esplanada.
No total, serão 10,2 km de tubulações para atender esse inovador sistema de aspergir água, com diâmetros variando de 50 mm a 300 mm.
Há uma distância de 2 m entre um aspersor e outro na esplanada para que as pessoas possam andar entre eles.
A água aspergida será recolhida pelos ralos do equipamento, voltando ao ciclo através da drenagem. O reaproveitamento é de 90% do total e captação de 10% do restante será feita através de poço artesiano.
A água a ser aspergida, organizada em diversas zonas, poderão ser controladas, ligadas e desligadas, de acordo com a necessidade, demanda e situação do uso do espaço.
Bombas serão instaladas para fazer a elevação da água das cisternas aos aspersores.
Piso
O novo pavimento do Vale do Anhangabaú permitirá tráfego de caminhões pesados e até carretas, que são utilizadas para montagem de palcos – estão previstos seis espaços para montagem de palcos na área.
O novo pavimento terá 20 cm de BGS (brita graduada simples), 10 cm de BGTS (brita graduada tratada com cimento) e 18 cm de piso uniforme ao longo de toda área. O concreto, de acordo com engenheiro, terá capacidade de 8 t/m².
O pavimento começa a ser construído em fevereiro. O volume de concreto a ser consumido para construção do piso é de 8.460,00 m³.
O novo Vale do Anhangabaú atenderá as normas de acessibilidade na sua área de circulação de pedestres.
Uma pista de skate será construída próxima ao viaduto Santa Efigênia, no Vale do Anhangabaú. Já havia no local uma área ocupada pelos skatistas, mas com a construção da pista se oficializa o espaço ao esporte.
O local receberá ainda sanitários, ludoteca, entre outros mobiliários. A ação faz parte de um amplo processo de requalificação do centro, cujo objetivo é incentivar a sua ocupação.
Por fim, o projeto contempla áreas ajardinadas e contará com 480 árvores – 355 já existentes no local mais 125 novas espécies nativas que serão plantadas.
Projeto
O projeto do Vale do Anhangabaú foi constituído em 2013. Tanto o conceito, quanto o projeto básico, foram coordenados pela SP-Urbanismo, empresa de planejamento urbano vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU).
A reurbanização do Vale integra um conjunto de iniciativas para recuperação da região central, informa a prefeitura. A requalificação da região central envolve ações, como a recuperação dos calçadões na área do Triângulo Histórico (ruas Benjamin Constant, Boa Vista e Líbero Badaró), requalificação de edifícios e terrenos abandonados ou subutilizados, a viabilização do Parque Augusta, do Parque Minhocão, e as revitalizações do Largo do Arouche e Praça Roosevelt.
Ao longo de décadas, o Vale do Anhangabaú sofreu várias mudanças. A última, nos anos 1970, o sistema viário existente foi transferido para um túnel no subsolo, provocando alterações na dinâmica da área central, resultando no desenho atual, hoje em reforma.
Parte dos trilhos do antigo sistema de bondes na capital, encontrado no trecho sob intervenção da Avenida São João, será restaurada e colocada em exposição.
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