Trabalho há 22 anos na Camargo Corrêa e para mim, é um grande privilégio estar à frente de grandes projetos e empreendimentos. Os desafios são diários, o nível de atividade é gigantesco, mas tudo começa com a formação de uma ótima equipe. A seleção do grupo de trabalho e a confiança em todos os envolvidos é crucial para o sucesso de qualquer projeto.
A geração de valor e o senso de pertencimento a esses trabalhos são o que nos mantêm sempre focados e motivados, sendo extremamente realizador cada vez que conseguimos vencer etapas importantes na implantação. É um grande orgulho olhar para tudo que foi construído e ver o quanto você foi importante e que fez parte da história.
Hoje atuo na cidade de Salvador (BA) em um projeto de infraestrutura de transporte, o trecho 1 do BRT Salvador. O BRT, que terá 2,9 km de extensão, tem como cliente a Prefeitura Municipal de Salvador. Também estou à frente das obras de infraestrutura de implantação da Linha 1 – Tramo III, do Metrô de Salvador, tendo como cliente o Governo do Estado da Bahia.
Dentre outros projetos, também fui responsável técnico das obras civis para implantação do sistema metroviário de Salvador/Lauro de Freitas na Bahia do período de 2013 a 2016 em um trecho de 27 km de metrô, tendo como cliente a CCR Metrô Bahia. Vou contar um pouco mais sobre ela, desafios e soluções de engenharia.
Esse empreendimento de infraestrutura de transporte, com duração prevista de implantação em 42 meses, foi viabilizado no formato de PPP (Participação Público Privada).
Para esse projeto, tivemos o envolvimento de quase 8 mil profissionais. Hoje, nas obras do BRT em Salvador, gerencio 1.100 profissionais que atuam na construção do empreendimento.
Um dos fatores mais desafiadores do ponto de vista de engenharia nessa construção, foi o fato de que o local de implantação era em uma zona urbana de alta densidade, nas áreas mais movimentadas da cidade, seja pelo movimento de pessoas ou de veículos. Com isso, o planejamento de soluções é algo fundamental para viabilizar todas as iniciativas necessárias, para minimizar o impacto nas regiões do entorno e entregar a obra com excelência e qualidade para a população. Tratava-se, portanto, de um complexo empreendimento.
Para esse desafio, contamos com diversas soluções de engenharia. Dentre elas, destaco:
Estações Típicas
Para atendermos os prazos, foi utilizado o conceito de estações típicas, que têm corpo similar, mas pequenas diferenças de posicionamento de plataformas e áreas técnicas. Essa concepção foi utilizada na Linha 2 e contemplou 9 das 15 estações previstas.
A solução foi possível porque a Avenida Luis Vianna (Linha 2) onde foram implantadas, apresentava um canteiro central com dimensões adequadas a esse tipo de projeto. As estações típicas do Metrô de Salvador receberam menção honrosa no 9º Prêmio AsBEA de Arquitetura, promovido pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura.
A solução viabilizada foi um sucesso, pois além de atender aos prazos firmados na entrega das estações, foram melhorados diversos aspectos relacionados à operação. Isso foi possível porque os materiais de consumo e recursos de manutenção foram padronizados, facilitando processos. Com isso, diminuímos prazos e custos de operação do sistema e, ainda, construímos um Metrô que passou a atender a população soteropolitana com a máxima qualidade.
Esse método teve como principais objetivos: aumentar a agilidade na construção, mitigar os impactos no trânsito próximos à obra devido à logística complexa e reduzir os custos com telhas. As principais vantagens da cobertura autoportante é a facilidade na montagem e a flexibilidade na aplicação, podendo se adaptar a trechos de curva por meio de combinação entre calhas e rufos.
Viabilizar esse método garantiu a automação dos processos. Já a redução de etapas trouxe valor agregado ao projeto, nos dando a garantia da conclusão da implantação das coberturas no prazo. O uso do sistema autoportante reduziu os custos de implantação da cobertura em 20%, em comparação com o método tradicional de construção de coberturas.
Principalmente por conta da sua geometria muito peculiar, esse tipo de cobertura, também possibilitou uma melhoria expressiva tanto na ventilação quanto na iluminação
natural das estações, proporcionando maior conforto à população que utiliza o sistema metroviário de Salvador.
Soluções de logística
Devido ao espaço reduzido nas áreas de implantação do empreendimento e às várias atividades simultâneas, foi necessário um grande planejamento estruturado de logística, tanto para recebimento adequado dos materiais nas obras e para até mesmo no posicionamento dos canteiros de apoio.
Para tal fim, os canteiros tinham estruturas de operação independentes reduzindo a movimentação de máquinas e pessoas, possibilitando a minimização de impactos no trânsito local, além de diminuir o descolamento de trabalhadores e agilizar o bom andamento das obras.
Interferências com concessionárias de serviços públicos
Para lidar com as interferências com concessionárias de serviços públicos no local de implantação por onde passavam diversas redes de gás, energia, água, telecomunicações da grande Salvador, foi necessário desenvolver um plano muito bem detalhado alinhado ao planejamento de implantação do empreendimento. Para garantir que este tema fosse tratado com o cuidado necessário, criamos uma gerência específica de gestão de interferências, na qual o gestor ou gestora tinha o papel de garantir que as áreas ficassem livres e desimpedidas para execução das obras na sequência adequada.
OUTROS DESAFIOS SUPERADOS
Local de implantação – Comunidade do entorno
A implantação de um empreendimento desse porte envolveu questões relacionadas ao trânsito, interferências com concessionários de serviços públicos, espaço reduzido para as obras e desafios relacionados à comunidade do entorno. A área dos novos trechos das linhas 1 e 2 do Metrô passou por diferentes realidades: tanto comunidades com diversos problemas sociais (como saneamento e segurança etc.), quanto condomínios de luxo e áreas comerciais de grande porte. Então, questões relacionadas às tratativas sociais junto à população, serviços de desapropriação, reassentamento dessas comunidades e negociações adequadas foram decisivas para o sucesso do avanço das obras de acordo com nosso cronograma.
Contrato em regime de aliança
A necessidade de adaptação de todos os profissionais envolvidos na implantação do empreendimento para a modalidade de contrato em formato de “Aliança”. Esta modalidade de contrato visa proporcionar sinergia e transparência junto ao cliente e empresas parceiras, de modo com que os integrantes trabalharem sempre alinhados para maximizar resultados e reduzir perdas. Assim, todos estão juntos nas decisões, ganhos e nas ações para minimizar perdas.
Execução do empreendimento em formato de consórcio
Trabalhar em consórcio é desafiador principalmente pela necessidade de integração e pela diferença existente de cultura das empresas envolvidas. Isso é ainda mais expressivo quando os envolvidos são de grande porte e com cotas participação semelhantes na construção do empreendimento. Diversas ações de alinhamento de trajetória foram necessárias ao longo do andamento das obras de forma a adaptar as condições adequadas ao bom andamento do projeto.
A construção de obras de infraestrutura com esse nível de complexidade e magnitude, associado ao fato de sua implantação ocorrer em regiões de alta densidade, são realmente grandes desafios de engenharia e logística que qualquer profissional da área se sente orgulhoso e motivado em poder fazer parte!
Luiz Gustavo Pinto de Oliveira, Engenheiro Civil e Gerente de Obras da Camargo Corrêa Infraestrutura S.A.
Excelente!
Projeto arrojado para Salvador, cidade que há 10 anos tinha 2.675.660 milhões de habitantes, (Censo, 2010) e atualmente, segundo o mesmo Órgão, cerca de 2.875.347, ou seja, mais 196.687 mil, sem considerar a mortalidade nesse período, finalmente o Metrô é uma realidade na capital de apertada de 693,453 km² [2019]. O sistema viário estava um colapso. Conheço a Av Luis Viana Filho – popular Paralela ( e são mesmo, vias paralelas), desde o início da sua construção. Em 1980, visita do primeiro Papa a Salvador, hoje – São João Paulo II. A Paralela levou a cidade centro para avenida mais aberta e possibilitou o crescimento na moradia e uniu a cidade a Lauro de Freitas e deu acesso ao Aeroporto, enfim, melhorou o trânsito, mas não foi suficiente. O crescimento populacional desde 1980 até 2010, precisou acabar com o grande canteiro de árvores e gramado no meio da Paralela. Era uma solução, não sei se sendo todo subterrâneo teria maior ou menos custo, mas esse projeto arrojado, como disse no início, venceu as dificuldades dos quase quinze anos de execução. Hoje ainda tenho o primeiro “folder” distribuído na época, sobre o metrô, mas saiu. Achei muito arrojadas mesmo foram as Passarelas em todas as estações. Amplas, bem estruturadas, fácil acesso e evacuação. Sempre que passo, observo muito mais as passarelas que mesmo as estações (risos), mas parabenizo pelo projeto. Minhas corridas (“cooper”), nos 12,4Km da pista são minhas paixões. Por mim, ficaria correndo todos os dias. Faço caminhada como também corro, pois resido há pouco mais que 660metros do seu início, na Estação Pernambués. Corri muito no canteiro one hoje é o metrô, mas com a pista, excelente. Vez e outra aparece o metro passando no vai e vem de um lado e do outro, já que nós que mudamos de lado (risos). Parabens, Sr Luiz Gustavo. O BRT é outro desafio. Fazeno um trabalho da Faculdade sobre o sistema de transporte de Salvador, cheguei ate aqui. Não poeria de dar meu testemunho, até porquê, o espaço é para comentário e estava vazio (risos). Sucesso em seus empreendimentos. Pátria! Brasil! Paulo Tavares (Salvador-BA)
Desculpe, duas palavras sem o “d”, (onde e fazendo) a letra no teclado está solta.