Eng. Sergio A. Palazzo*

Neste ano em que a ABRATT completa 20 anos, a Revista O Empreiteiro abre espaço para um coluna quinzenal que muito me honra. Nela divulgarei nossas recomendações técnicas, experiencias e demais atividades. Vamos tentar transformá-la num FÓRUM do MND.

Momento ideal e visionário do Editor Responsável Joseph Young, pois estamos justamente no início da elaboração da primeira Norma Brasileira de MND, pela ABNT. É bom salientar o esforço feito pela Revista que nos anos iniciais da Associação, manteve, quando a revista era exclusivamente publicada impressa, um encarte mensal do MND, que com segurança foi a base para a estruturação das ações não só da Associação, mas também do segmento.

Vale a pena recordar quando a COMGÁS, assim que privatizada, se preparava para substituir as redes existentes para distribuição de gás natural– a cidade de São Paulo tem gás encanado desde o principio do século XX, eu mesmo que nasci na Rua Helvetia com Rua das Palmeiras, em 1944, já nasci com gás encanado em casa. Numa primeira tentativa de aproveitamento da rede existente, era preciso substituir as juntas de borracha que não trabalhariam bem com o novo gás. Não deu certo a solução; implantar novas redes, mais a expansão a uma velocidade de 800 km de implantação por ano por 20 anos, levou a empresa a adotar o HDD como condição fundamental para não ter que valetear dezenas de milhares de quilômetros de ruas.

Na época em que trouxe a tecnologia para o Brasil, representava a VERMEER e convencemos a COMGÁS a adquirir duas perfuratrizes, uma D24x40 e uma D16x20, e com elas formar sua equipe de engenheiros e técnicos, antes de terceirizar essa enorme quantidade de redes. Essa ocorrência dá início à aplicação desse método (HDD), que se expande para a implantação das Telecomunicações com as fibras ópticas outras dezenas de milhares de quilômetros, e se consolidou como o maior mercado de um método construtivo, na América Latina.

Essa expansão traz um lado negativo que foram e ainda são, os acidentes provocados por construções sem projetos, ou pelo menos sem um Projeto Básico Detalhado, que se inicia com a Concepção, para então através de estudos técnicos preliminares, e levantamento de informações (necessárias e suficientes, com nível de precisão adequado), permitirem ao projetista Conceber, Avaliar e Garantir a viabilidade técnica, definindo os métodos construtivos e os respectivos equipamentos e materiais, gerando com isso um documento completo que permite ao proprietário da obra, fazer uma contratação “verdadeira”.

Vinte anos, e continuamos a promover acidentes e incidentes (estes diários) com o famoso “calço hidráulico”, o “travamento da coluna de perfuração”, e os mais graves que atingem as redes já instaladas no subsolo.

Numa laparoscopia ( a maioria dos leitores conhece, e eventualmente até já se submeteu a uma cirurgia desse tipo) que é um método pouco invasivo, afinal por alguma lugar precisam ser inseridos os cateteres, dificilmente nós permitiríamos alguém perfurar nosso abdômen, sem antes ter feito uma tomografia, uma ressonância magnética, ou seja, sem ter mapeado antes as redes existentes no nosso abdome, e sem antes de ter entendido que tipo de material será perfurado (uma camada de gordura, por exemplo). Mas no HDD, no corpo urbano nesse caso, “manda bala” ou pior, “deixa comigo que estou fazendo isso há anos”.

Para que todos tenham uma ideia da seriedade que esse tema requer, nos EEUU, temos já há alguns anos (desde 2007) a CBSA – Cross Bore Safety Association (www.crossboresafety.org) que objetiva reduzir os danos de cruzamento de redes no subsolo, principalmente entre as instalações de gás natural, esgotos, água potável e telecomunicações. AS IMAGENS ABAIXO FALAM POR SI. CHAMO TODOS OS PARTICIPANTES DO SETOR A UM MOMENTO DE REFLEXÃO E RESPONSABILIDADE.

*SAP SERVICE Engenheiros Consultores