Sua construção foi precedida de muita polêmica. O projeto vencedor em concurso internacional, da arquiteta britânica-iraquina Zaha Hadid, conseguiu uma proposta de preço firme de construção que foi o dobro do orçamento aprovado, por causa da estrutura exigida para sustentar suas formas inusitadas, que lembra uma nave espacial.

Ela acabou se retirando do concurso, após fortes críticas da imprensa local por não “respeitar” a atmosfera dos jardins Meiji Jingu Shrine adjacentes, que são considerados sagrados. 

Em fins de 2015, houve uma segunda competição entre dois conhecidos arquitetos japoneses, na qual ganhou Kengo Kuma, cujo projeto se alinha à sua tradição de “mesclar” a edificação à paisagem. 

O estádio se caracteriza pela fachada com quatro beirais anelares, revestidos na parte inferior por painéis montados com madeira de florestas oriundas das 47 prefeituras do país, além de incorporar plantas naturais que são visíveis. Uma arquitetura mais alinhada com a cultura tradicional japonesa, numa estrutura de menor altura e menos invasiva no cenário local, que sempre prezou a pegada minimalista —“menos é mais”.

Kuma comentou que seu projeto “buscou valorizar a resiliência do cidadão comum no seu cotidiano no seu país, ao invés de promover uma causa global”.  O arquiteto incentivou uma mobilização por todo o Japão, para trazer madeiras típicas das florestas de diversas regiões, para que fossem incorporadas em painéis que ornamentam os beirais do estádio, mas respeitando as dimensões típicas desse elemento das moradias tradicionais.

Disse ele que gostaria que cada espectador que fosse ao estádio, ao ver esses painéis de madeira, sentisse “a energia da sua região de origem”.

O novo Estádio Nacional de 68 mil lugares e 194 mil m² de área de pavimento foi construído do zero – mas tem uma forte conotação simbólica, pois o estádio antigo de mesmo nome sediou a abertura das Olimpíadas de 1964, que celebrou a transformação do Japão numa potência global após a 2ª Guerra Mundial. 

O governo inaugurou na mesma data o trem bala ligando Osaka a Tóquio (cerca de 500 km), em 2h30 — como vitrine do avanço da tecnologia japonesa moderna.

Valorizando a fachada com plantas naturais do novo estádio, mais de 47 mil árvores de porte médio a pequeno foram plantadas no entorno.

No seu website do seu escritório, Kuma pontua que “projetou o estádio como uma coleção de árvores de pequeno diâmetro. Ao desenhar a fachada como um conjunto de beirais sucessivos, revestidos com painéis montados com madeira de pequeno diâmetro, quis mostrar a beleza dos beirais que a tradicional arquitetura japonesa preservou e trouxe para a era atual. Os forros são montados dividindo-se ripas de seção quadrada de cedro de 105 mm, em três partes — madeira que é a mais fácil de encontrar no Japão – e alterando o intervalo entre as ripas em cada sentido – a densidade da malha muda e se cria um ritmo perceptível. O beiral é montado numa estrutura treliçada que combina peças metálicas com outras de madeira laminada, e a rigidez axial da madeira limita a deformação da treliça que venha a ser provocada por ventos e sismos. O novo Estádio Nacional foi construído pela Taisei Corp. — uma das mais tradicionais do país — dentro do orçamento e do prazo.

https://kkaa.co.jp/works/architecture/national-stadium/

Aída dos Santos, negra, foi 4ª no salto em altura em Tóquio (1964)

Única atleta mulher na delegação brasileira de 68 membros nas Olimpíadas de 1964 na capital do Japão, Aída dos Santos competiu sem técnico, uniforme apropriado e sapatilha de tênis para saltos. Fez as provas de salto em altura com calçado para corrida de 100 m emprestado. 

Ainda assim, tirou o 4º lugar na prova de salto em altura — um dos melhores resultados do Brasil —, abaixo apenas da medalha de bronze do basquete masculino.

Nascida em Niterói (RJ), de família pobre, foi homenageada em novembro passado aos 83 anos no aniversário do seu salto em Tóquio, com a inauguração do seu mural de 30 m no Caminho Niemeyer da cidade, realizado pelo artista plástico Marcelo Lamarca.