A primeira ferrovia estadual do Brasil, em Rondonópolis (MT), começa a ser construída oficialmente nesta segunda-feira, dia 07. O Governo de Mato Grosso e a empresa Rumo Logística realizam a cerimônia que vai marcar o início das obras do terminal que terá dois ramais: um ligando Rondonópolis até Cuiabá e outro ligando Rondonópolis até Lucas do Rio Verde. Ao todo, serão construídos 730 quilômetros de trilhos.

Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística do Mato Grosso, está previsto um investimento de R$ 11,2 bilhões na ferrovia, recursos totalmente privados. As obras irão gerar 235 mil empregos diretos e indiretos, impactando 27 municípios ao longo do traçado previsto.

O contrato da obra com a Rumo foi assinado em setembro de 2021, para a construção da primeira ferrovia privada viabilizada por meio de autorização de um Estado brasileiro. Dentro dos limites de Mato Grosso, os trilhos vão conectar Cuiabá e os municípios de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, ambos no médio norte, no coração do agronegócio mato-grossense, passando por 16 municípios.

 Serão construídas 162 obras de arte especiais, entre pontes, viadutos e passagens inferiores e passagens veiculares. Os principais quantitativos de materiais e serviços estimados no projeto são: terraplenagem 121 MM m³ de escavação, bueiros: 53km, lastro: 1,8 MM m³, concreto: 1,95 MM m³, trilhos: 115 mil ton e 1,4 MM de dormentes em concreto para via de bitola larga. Segundo a Rumo, a previsão é que o trecho entre Rondonópolis e o primeiro terminal esteja concluído e em funcionamento no ano de 2025.

Segundo o presidente da companhia, Beto Abreu, em entrevista ao jornal Valor Econômico, O valor total do investimento deverá ficar entre R$ 14 bilhões e R$ 15 bilhões, segundo projeção atualizada da empresa. O projeto, porém, deverá ser construído em etapas, sendo que, esta primeira fase, iniciada agora, terá cerca de 210 km, de Rondonópolis (MT) até Campo Verde (MT). Com a primeira etapa do empreendimento, a Rumo já deverá ampliar a capacidade de movimentação da ferrovia em ao menos 10 milhões de toneladas/ano.

“Este primeiro trecho da ferrovia é o mais complexo e oneroso do empreendimento como um todo. “Do ponto de vista de engenharia, a parte mais complicada é essa etapa. Logo na saída de Rondonópolis teremos obras complexas, como a construção de uma ponte de mais de 1 km no Rio Vermelho. A partir daí, os trechos restantes serão mais fáceis”, contou Abreu.

O início das obras sofreu atraso de alguns meses devido a uma ação do Ministério Público Federal (MPF), que demandou que a empresa consultasse os povos indígenas Boe Bororo, das Terras Tadarimana e Teresa Cristina, próximas ao empreendimento. Após uma negociação entre a procuradoria, a Defensoria Pública, os indígenas e a companhia, foi firmado um acordo que permitiu o início da construção.

A obra começa em 2022 com o primeiro viaduto sobre a BR-163, que cruza a ferrovia da Rumo logo em seus primeiros quilômetros. A previsão é que a construção de toda a ferrovia, com seus mais de 700 quilômetros, seja concluída entre 2028 e 2029.