O governo de São Paulo assinou na quinta-feira (31/8) contrato, no valor de R$ 847 milhões, com a Agis Construção para a retomada das obras da Linha 17-Ouro. A contratação vai substituir o Consórcio CMO, que teve o compromisso rescindido pelo Metrô em razão dos descumprimentos contratuais na execução dos trabalhos e atendimento ao cronograma de obras.

A ordem de serviço será assinada em 11 de setembro e, a partir dela, a empresa terá 30 dias para iniciar os trabalhos e 18 meses para sua conclusão. Serão retomadas as obras civis remanescentes de sete estações, da via e do Pátio Água Espraiada. O plano inicial prevê adequação dos canteiros de apoio às obras, retomada das execuções dos serviços de acabamentos nas estações e de construções das vigas de concreto faltantes nas vias e no Pátio Água Espraiada.

No projeto, há também a retomada das negociações com fornecedores e fabricantes das estruturas metálicas do empreendimento como passarelas, coberturas das estações, esquadrias e vidros, além de shafts de cabos. 

Com as obras concluídas até o início do segundo trimestre de 2025, prosseguem outros trabalhos de implantação de sistemas e fabricação, fornecimento e testes de trens. A previsão é entregar a linha para a operação da concessionária e uso pelo público em 2026, segundo informou o governo paulista.

A contratação da nova empresa ocorreu mediante convocação de licitante remanescente, respeitando-se a ordem de classificação. Assim, a Agis – que participou da licitação original, em 2019 – aceitou, segundo o governo, assumir a execução das obras remanescentes pelo valor que ofertou à época do certame licitatório. A quantia acertada entre as partes – R$ 847.079.624,89 – já está corrigida pela inflação, considerando o índice setorial previsto no próprio edital de licitação. 

Atualmente, as obras civis da Linha 17, iniciadas em 2011, estão cerca de 80% concluídas. Já a implantação como um todo, que inclui obras civis já realizadas, sistemas e trens, chegou a 60% de avanço. Segundo o governo, neste momento estão em curso outros contratos, como o da fabricação de trens, processo em andamento na China. Técnicos do Metrô estão no país asiático para a inspeção in loco dos testes de carga, que simulam o funcionamento do trem com peso equivalente ao de passageiros. O primeiro trem chega ao Brasil no primeiro semestre de 2024, e os demais chegarão gradualmente.

Outros contratos em andamento incluem a fabricação das portas de plataforma, instalação de sistemas de sinalização e de alimentação elétrica e instalação de sistemas auxiliares (escadas rolantes e elevadores). O Metrô está licitando a contratação do fornecimento e instalação do sistema de telecomunicação, que é um sistema acessório à operação e um dos últimos a ser instalado e testado. As propostas das empresas participantes da licitação serão recebidas na segunda-feira (4/9).

Histórico da construção da Linha 17

A linha 17-Ouro, que irá conectar o aeroporto de Congonhas à estação Morumbi, começou em 2011. À época, a ideia era fazer a entrega até a Copa do Mundo de 2014, plano que foi frustrado por uma série de problemas nas contratações: 

2011 – Início das obras civis com a construção da via elevada (pilares e vigas).

2013 – Início da construção das estações, divididas em lotes.

2016 – Rescisão do contrato de dois lotes, por descumprimento de cronogramas. Outra empresa participante da licitação assumiu e prosseguiu até o encerramento do contrato.

2019 – Consórcio responsável pela construção da via e fabricação de trens e sistemas paralisou as atividades, resultando na rescisão contratual.

2020 – Em abril, após nova licitação, o Metrô acertou com outra empresa para a fabricação de trens e sistemas, em contrato que segue em execução. Já em novembro do mesmo ano, por meio de outra licitação, foi contratado o Consórcio Monotrilho Ouro (CMO) para concluir sete de oito estações da Linha 17 (obra civil de Morumbi foi concluída), o Pátio e a via elevada.

2023 – Em maio, o contrato com o CMO foi rescindido em decorrência de atrasos e descumprimentos contratuais. O Metrô também multou o consórcio em R$ 118 milhões.

2023 – Novo contrato de obras civis assinado em agosto para conclusão da via, estações e pátio.