A segunda maior usina do mundo em capacidade instalada – 14.000 MW, ficando atrás apenas da Usina das Três Gargantas na China – a Itaipu, está passando por um processo de modernização tecnológica, executado pelo Consórcio de Modernização de Itaipu (CMI). Construída nos anos 70, o complexo está passando pelas mudanças que devem se estender por 14 anos, ou seja, até 2036.
“Agora é o momento para trocarmos o analógico pelo digital.
Os primeiros quatro anos serão dedicados a deixar pronta a estrutura do sistema de controle centralizado, uma parte do serviço auxiliar e dos sistemas de emergência. Depois, faremos o trabalho nas 20 unidades geradoras. Esperamos modernizar duas unidades por ano”, afirmou a engenheira Renata Tufaile, gerente executiva do Plano de Atualização Tecnológica (PAT) da hidrelétrica, em entrevista ao Valor Econômico.
Para o projeto – que não envolve equipamentos como turbinas, geradores e transformadores principais – foi aberta uma licitação, vencida pelo Consórcio de Modernização de Itaipu.
“A licitação foi desenhada para que houvesse igualdade entre empresas brasileiras e paraguaias, isso faz parte do tratado. Então, dividimos pela expertise dos países. A GE vai fornecer os equipamentos [orçados em US$ 423 milhões], e o CIE vai fazer toda a montagem [US$ 225 milhões]”, diz Tufaile. Há dois outros contratos, que somam US$ 17 milhões, para construção de almoxarifados e centros de integração, cujas licitações são exclusivas para empresas paraguaias.
Uma segunda atualização, cuja licitação está prevista para 2024, vai modernizar a subestação da margem direita, que transmite a energia produzida para o Paraguai e recebe de volta o que o país não consome.
Duas gerações na Itaipu
O engenheiro Geraldo Goulart Filho, que desempenhou um papel fundamental na concepção da usina, nos anos 70, agora estará também nesse projeto de modernização – com 14 anos de vigência. Geraldo é da empresa Nova Engevix, subcontratada pela GE, que compõe o consórcio CMI, e tem uma carreira de mais de 40 anos liderando a execução e a gestão de projetos na área de energia.
Em 1977, Geraldo ingressou na Themag Engenharia, como estagiário no departamento elétrico, onde contribuiu para a prospecção de viabilidade, na execução do projeto básico e Executivo das 18 máquinas iniciais da Itaipu Binacional, acompanhando de perto o desenvolvimento da usina e, permaneceu envolvido por duas décadas, acompanhando tanto o projeto básico como o executivo. Voltando à Itaipu para completar as 20 máquinas previstas, instalando as unidades U9A e a U18A, ocasião que participou também da implantação de uma atração turística na UHE Itaipu, o “Son et Lumier”.
Após essa fase, ele participou de outros projetos na área de energia, modernização (retrofit), e planejava parar de trabalhar para curtir sua aposentadoria, mas recebeu um convite para participar da equipe de coordenação, pela Nova Engevix, na modernização da Usina de Itaipu, um retrofit feito 40 anos depois de sua primeira participação no projeto. “É uma oportunidade única de receber um feedback, quatro décadas depois, do que “deu certo ou errado”, comenta Geraldo Goulart sobre o que o motivou a aceitar o convite.
No projeto de Itaipu, as 20 máquinas (Turbina e Geradores) não serão substituídas.
A ênfase está na atualização do comando e controle, dos serviços auxiliares das máquinas e dos serviços auxiliares da casa de força. As ações envolvem a substituição de mais de 400 quadros, a troca de cerca de 178 mil quilômetros de cabos, e dos Grupos Geradores Diesel, e mais uma fonte de alimentação a ser fornecida por dois Conversores de Frequência, um em 50Hz e outro em 60 Hz. O desafio adicional é realizar essa modernização sem interromper a operação da usina.
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