Com o tema “E se a seca de 2024 for pior do que em 2023?”, os principais players do setor de logística se reunirão na nona edição do “Fórum de Logística”, que acontece nos dias 2 e 4 de abril. O evento é promovido pela comissão do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), a partir das 14h30 nos dois dias, no Auditório Celso Piacentini do CIEAM, em Manaus (AM).
O motivo do evento foi o grande impacto da seca nos rios em 2023, quando a indústria do Amazonas teve um sobrecusto de R$ 1,4 bilhão em sua operação logística, devido aos problemas causados pelas dificuldades no transporte de insumos. Esse valor inclui, por exemplo, as taxas e custos adicionais cobrados pelos armadores e em toda a operação e até o frete aéreo foi usado em casos mais urgentes.
De acordo com o CIEAM, estudos preliminares indicam que os níveis do rio Solimões, em Tabatinga, e do rio Negro, em Manaus, estão abaixo de seus níveis históricos, o que preocupa as empresas do PIM, apesar da possibilidade de que as chuvas possam vir a reverter este quadro.
Atualmente, os gastos com transportes hidroviários no Amazonas são estimados entre 3% e 7% do PIB, o que representa algo entre R$ 4,8 e R$ 11,2 bilhões por ano. O PIB do Amazonas foi de R$ 160,2 bilhões no ano passado, representando um crescimento de 6,53% sobre 2022. “De acordo com os nossos estudos, o ideal é que o custo com essa logística fosse a metade desse valor para recuperar a competitividade da Zona Franca de Manaus (ZFM)”, explica Augusto Rocha, coordenador da comissão CIEAM de Logística. Assim, segundo o CIEAM, esses custos deveriam significar um gasto entre R$ 2,4 e R$ 5,6 bilhões (1,5% a 3,5% do PIB do estado).
Além disso, o CIEAM destaca que, anualmente, o investimento em infraestrutura local é de, aproximadamente, 0,22% do PIB, o que representou R$ 352 milhões em relação ao PIB de 2023. “Defendemos um investimento mínimo em torno de 2,5% do PIB local (cerca de R$ 4 bilhões, em comparação com o PIB de 2023) por ano, durante a próxima década, para reduzir os gargalos logísticos que existem hoje e oferecer maior segurança logística às indústrias que operam no Polo Industrial de Manaus (PIM), reduzindo a desigualdade do Amazonas”, destaca Rocha.
Para o especialista, somente a dragagem das hidrovias não é a solução, pois não obteve resultados satisfatórios na seca de 2023. A dragagem foi uma ação que não resolveu no ano passado.
Apenas a chuva ajudou. “Claro que a seca de 2024 pode não ser tão severa quanto foi em 2023, afinal já há sinais positivos no 12º Boletim Hidrológico da Bacia do Amazonas, emitido pelo SGP/CPRM (Serviço Geológico do Brasil)”, diz o executivo. Segundo ele, é muito importante que sejam realizadas pesquisas para entender melhor o fenômeno das cheias e vazantes nos pontos críticos das hidrovias do Amazonas que chegam a Manaus.
“Depois dessas pesquisas, será possível indicar qual quais as medidas a serem adotadas, conclui Augusto.
Programação do evento
No dia 2 de abril, próxima terça-feira, será discutida a importância de estudos para entender o fenômeno das cheias nos pontos críticos da “hidrovia” do Amazonas. A mesa contará com a presença dos executivos Erick Lourenço, gerente regional da Aliança Navegação e Logística, que abordará o tema “Aliança, seu ponto de partida para todo Brasil”; e Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast Logística, que fará a apresentação “Norcoast – Uma nova opção de cabotagem e possíveis alternativas para a seca de 2024”. Augusto Rocha vai realizar uma palestra com o tema: “A visão da indústria sobre o trânsito aquaviário”.
No dia 4 de abril, quinta-feira, o debate vai tratar das possibilidades de uma possível nova seca e quais são os principais pontos para transformar o Rio Amazonas em uma hidrovia, assegurando o trânsito de navios. Participarão do encontro Jorge Barroso, diretor presidente da SNPH (Superintendência Estadual de Navegação, Portos e Hidrovias), que falará sobre a “A visão da SNPH sobre a potencial seca de 2024”; André Lysâneas Teixeira Carvalhaes, capitão de mar e guerra da CFAOC (Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental), que vai analisar as “Possibilidades e limitações da Marinha frente ao cenário de estiagem”; e Erick Moura, diretor de infraestrutura aquaviária do DNIT de Brasília, que vai analisar as “Ações da Diretoria de Infraestrutura Aquaviária do DNIT para enfrentamento da possível estiagem de 2024”.
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