Com a presença de mais de 170 participantes, entre engenheiros e profissionais, executivos e representantes dos principais players da infraestrutura no Brasil, a 5ª edição do Prêmio InovaInfra neste ano mostrou que a inovação na Engenharia está superando a inércia das práticas tradicionais — não necessariamente sejam ineficazes nos tempos atuais. No entanto, há uma nova força nessa busca por inovação: atender  as necessidades de preservação ambiental do planeta, aliando as novas tecnologias à sustentabilidade. Foram mais de 120 projetos inscritos por concessionárias e empresas de engenharia, sendo 30 deles eleitos pelo Júri Independente e premiados nesta terça-feira, dia 09, no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo.

Idealizado pela revista O Empreiteiro, que há 60 anos atua nos diversos segmentos da engenharia e infraestrutura, o Prêmio InovaInfra busca valorizar iniciativas voltadas para a inovação nessas atividades e que possam contribuir para a melhoria acelerada dos serviços em transportes, saneamento, energia, petróleo e gás, construções industriais e habitacionais, dentre outros necessários para a sociedade.

Antes da solenidade com a entrega dos troféus, o evento contou com um ciclo de palestras de alguns projetos premiados, analisando temas representativos como o avanço da modalidade BIM e das tecnologias digitais na gestão de obras, inovações que buscam atender à demanda crescente por sustentabilidade na engenharia e soluções clássicas que se mantêm competitivas nos canteiros.

No segmento Rodovias, abrindo a agenda de palestras, as concessionárias Eixo SP e CCR apresentaram soluções de materiais ecológicos para a restauração e manutenção de pavimentos. A Eixo SP mostrou as melhorias estruturais e funcionais de um trecho experimental pavimentado com massa asfáltica incorporando grânulos de  plástico reciclado de embalagens descartadas, que foi  desenvolvido  em parceria com a Stratura  na rodovia Washington Luis (SP-310). 

Já a CCR relatou o uso de 20% de material fresado, conhecido como RAP (reclaimed asphalt pavement, na massa asfáltica usinado a quente que é empregado no recapeamento das rodovias, após extensos testes no seu laboratório dedicado a materiais e processos de pavimentação.  Ambos os projetos destacaram não somente as vantagens econômicas e técnicas, mas, também, o menor impacto ambiental alcançado pelos novos materiais.

Também falando de reciclagem, mas como empresa de engenharia, a Lucena Infraestrutura apresentou os benefícios do uso da logística reversa com materiais oriundos de demolição de estruturas no terminal de Ponta da Madeira, MA, que são reciclados numa planta e reaproveitados em obras novas no local.

Já no ramo de Saneamento, a concessionária BRK Ambiental, apresentou seu projeto premiado pelo desenvolvimento de um aplicativo que aprimora a localização precisa de ativos subterrâneos, com uma visualização georreferenciada, fazendo um registro digital das redes de água e esgoto em cidades do Tocantins. Essa tecnologia diminui as atividades de escavação e intervenções operacionais, uma vez que a plataforma coloca todos os dados em mãos das equipes de campo.

Em Energia, a Universidade Presbiteriana Mackenzie venceu com o projeto de um inversor para proteger sistema fotovoltaico,  com as funções de detecção e interrupção de arcos elétricos e desligamento rápido. A solução visa evitar riscos de superaquecimento e incêndios, e deve se incorporar às normas brasileiras em breve.

Também premiada por uma solução fotovoltaica, a empresa de engenharia Coelte instalou uma usina solar flutuante numa cava exaurida e alagada do Grupo AB Areias, na cidade de Roseira, interior de São Paulo. A ideia é que o sistema fotovoltaico sobre reservatórios possa ser adotada na mineração, em hidrelétricas ou agronegócio para fornecimento da própria energia consumida.

Outra empresa premiada foi a Nova Engevix, que também desenvolveu um projeto de geração híbrida solar-hidrelétrica, ou seja, a instalação de painéis fotovoltaicos na superfície de um reservatório. O sistema poderá ser implementado na Usina Hidrelétrica (UHE) São Roque, em Santa Catarina, já em operação, transformando-a em hub de energia renovável.

BIM e tecnologias digitais impulsionam gestão ESG

Além da transição energética, outro foco apontado pelos autores dos projetos premiados no 5º Prêmio InovaInfra foi a aplicação intensiva das novas tecnologias digitais para qualquer serviço de engenharia em infraestrutura e para a própria gestão dessas obras. Entre as diversas empresas premiadas por inovação digital, está por exemplo a TPF Engenharia, que aplicou o BIM para a descaracterização de uma barragem de rejeitos em Minas Gerais, permitindo o avanço simultâneo de todas as etapas do projeto em estudos.

Em sua apresentação, a TPF contou como a modelagem simplificou as etapas da barragem, agora inativa. Segundo os autores do projeto, o uso do BIM resultou no aumento de produtividade em um processo altamente complexo, que requer tempo e segurança no local, até chegar à fase de recuperação ambiental da área.

Também destacando a aplicabilidade do BIM, outra premiada foi a Construtora Barbosa Mello, que utilizou a tecnologia em uma obra aeroportuária na região de Macaé (RJ). O uso da modelagem aliado à tecnologia Machine Control fez com que a empresa executasse grandes volumes de terraplenagem em uma área urbana, com tráfego de veículos e residências próximas, com a visualização tridimensional e antecipada do projeto, garantindo assim a segurança dos trabalhadores no seu entorno.

Quem também mesclou o uso de ferramentas tecnológicas às metodologias da engenharia com intuito ESG, foi a BN Engenharia, cujo projeto premiado foi a implementação de um sistema de câmeras wi-fi, integrado ao Lean Construction, que visa eliminar desperdícios na construção civil. O sistema da BN foi utilizado na construção de duas usinas solares no Estado do Ceará, o que permitiu um monitoramento preciso e em tempo real de produtividade, e que resultou no ganho do prazo de execução da obra de 30 dias antes do previsto.

Além destas, outras empresas e concessionárias – totalizando 30 premiadas –  apresentaram suas soluções inovadoras aliando tecnologia e sustentabilidade, a fim de otimizar a operação e minimizar o impacto das construções. Elas vão desde parques logísticos construídos com madeira engenheirada, ou seja, uso de recursos renováveis, como foi o caso do Grupo Monto, até à complexa escavação de túnel com TBM no metrô de São Paulo,  como está fazendo a Acciona, que utilizou um sistema de monitoramento geotécnico para detectar possíveis recalques nos edifícios ao longo do traçado da futura Linha 6 – Laranja, automatizando uma medida preventiva na maior obra de mobilidade urbana da América Latina.

“Todos os projetos mostraram a preocupação em minimizar os impactos ambientais na construção, mas também ganhos de produtividade e a menor custo, e garantindo a segurança de seus colaboradores e das comunidades vizinhas. Isso é um desafio técnico e criativo para as empresas e o propósito do Prêmio InovaInfra, que é valorizar os profissionais que desenvolveram essas iniciativas fundamentais para a evolução nas metas corporativas e no mundo como um todo”, comentou o idealizador do prêmio e diretor da revista O Empreiteiro, Joseph Young.

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