Já pensou se pudéssemos transformar áreas alagadas, formadas por mineração, hidrelétricas ou agronegócio em centros de comercialização de energia renovável? Pois este projeto inovador que tende a contribuir para a transição energética, já foi apresentado e utilizado em um lago formado numa cava exaurida da mineradora do Grupo AB Areias, na cidade de Roseira, situada no Vale do Paraíba, interior de São Paulo.

A ideia é da Coelte Engenharia, empresa brasileira especializada em projetos de geração fotovoltaica, que aposta no desenvolvimento desse novo mercado de energia solar flutuante no país. A proposta é implantar usinas solares sobre lagos de rejeitos e/ou cavas exauridas das mineradoras com objetivo de consumo próprio ou para oferecer a energia para grupos de clientes, alimentados desde baixa tensão até grandes cargas.

De acordo com a empresa, o modelo de comercialização poderá ser também no Ambiente de Contratação Livre (ACL) e assim contribuir para o avanço das políticas de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance ) e transição energética do setor produtivo. Segundo a Coelte, no caso do sistema fotovoltaico flutuante do Grupo AB Areias, será utilizado para suprimento energético da própria operação de mineração, na chamada modalidade de geração distribuída, atendendo a 100% da energia consumida no processo de extração de areia local.

 Caso haja excedente, a empresa de engenharia explica que o investidor poderá optar por repassar para outras unidades ou pela revenda da energia excedente. Tal possibilidade pode incentivar os investidores a aumentar o porte da usina, oferecendo energia ao mercado consumidor. SOBRE O MODELO PIONEIRO EM SP A usina em Roseira conta com 1854 placas solares, 3 inversores, quadro de proteção CA, transformador para elevar a tensão para 13,8 kV e subestação convencional de medição e proteção nos padrões da concessionária local.

 A geração média ficará em torno de 120 MWh, com isso o investimento de R$5,3 milhões será amortizado entre 6 e 7 anos. A vida útil média das usinas solares é de 25 anos, podendo se prolongar com manutenções periódicas. A Coelte, responsável pelo projeto, aprovação e implantação da primeira usina solar flutuante em lago de mineração no Brasil, iniciou tratativas com a concessionária no final de 2022. Em abril de 2023, realizou o preparo da área e iniciou a obra, sendo concluída e depois inaugurada em novembro passado.

 De acordo com a empresa idealizadora do projeto, a região do Vale do Paraíba é um bom exemplo, pois às margens do Rio Paraíba são encontradas inúmeras cavas exauridas, onde há possibilidade de uso sustentável destas áreas, com pouca demanda comercial atualmente e que poderá se expandir para todo o Brasil. “Com o sucesso da parceria com o Grupo AB areias, referência de mercado na mineração de agregados para construção, a nossa perspectiva agora é replicar em outras unidades bem como para outros potenciais clientes em todo território nacional’’, afirma o engenheiro eletricista especialista, Sérgio Martins de Oliveira, sócio-diretor da Coelte Engenharia.

A tecnologia dos flutuadores utilizada no empreendimento é de origem italiana e tem fabricação no Brasil feita pela F2B, empresa parceira. ‘’Entendemos que o mercado poderá apresentar diversos outros produtos flutuantes similares, aquecendo assim o segmento, criando uma concorrência natural e desenvolvendo a indústria brasileira’’ reafirmou Martins. Sobre as linhas de créditos para fomentar o projeto, a empresa relatou a parceria com a Desenvolve SP como fundamental, e ainda o Finame, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e outros financiamentos bancários.

A Coelte Engenharia Ltda desenvolve projetos elétricos desde a entrada de energia, a distribuição, transformação e montagem dos painéis, facilitando assim o resultado de todo processo de implantação de usinas solares flutuantes. Com experiência desde 1999, a empresa espera expandir o mercado de geração e eficiência energética nos anos futuros.

AUTOR
Sérgio Martins de Oliveira
Diretor Técnico