De um lado: os maiores bancos, gestoras de fundos e empresas de investimentos. Do outro, 80 startups e interessados em alavancar o empreendedorismo por meio da bioeconomia amazônica. Ambos, envolvidos em um só propósito: promover desenvolvimento econômico sustentável até 2030, em cumprimento à agenda do Pacto Global da ONU.

Assim resume o Bioeconomy Amazon Summit, primeira edição de um evento organizado pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil e a gestora de venture capital, KPTL, que aconteceu nos dias 31 de julho e 01 de agosto, em Belém do Pará. No primeiro dia, a programação foi somente entre as startups e organizadores do evento, e no segundo, dia 01, aberta ao público, incluindo uma série de palestras, apresentações das empresas e investidores, estandes com demonstrações e mesas redondas, no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.

Dentre as autoridades presentes, além dos idealizadores, os CEO’s do Pacto Global Rede Brasil, Carlo Pereira, e da KPTL, Renato Ramalho, estiveram também o governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, os diretores dos bancos Amazônia, Banco do Brasil e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de representantes da Bolsa de Valores B3, Apex Brasil ( Agência de Exportações e Investimentos) entre outras instituições.

“Estamos tratando como evento mas na verdade é um programa de 7 anos, e que pretende ser perene, a fim de aproximar empreendedores e empreendedoras no sentido de fomentar os seus negócios “, explicou Carlo Pereira em entrevista ao Site Amazônia Sustentável, que discursou na abertura dizendo que a rede “não quer deixar ninguém para trás”, sintetizou.

Renato Ramalho lembrou que o programa já tem uma curadoria com 40 integrantes para outras atividades além dos encontros anuais, e que a KPTL irá fortalecer o que já vem fazendo como gestora venture capital. “ Vamos continuar atuando com o que já fazemos há 20 anos, que é transformar pesquisa, ciência e inovação em grandes negócios com eficiência para geração de renda, qualidade de vida e proteção florestal, como é o caso da bioeconomia”. 

O governador Helder Barbalho, que esteve na abertura do evento, lembrou do potencial do estado paraense para mineração, pecuária e agricultura, mas destacou as mudanças de paradigmas pela  preservação ao longo dos anos, passando a se destacar pela bioeconomia. “Hoje somos o maior rebanho bovino do Brasil; Somos a maior província de ferro e de outros minerais, disputando com Minas Gerais; Na agricultura somos o maior produtor em açaí, dendê e soja. No entanto, tivemos, por muito tempo, vinculados ao conflito entre produção e preservação. E de 2019 pra cá passamos a buscar um caminho, não o mais fácil, mas o correto. Passamos a criar uma política estadual de mudanças do clima e a escolher a bioeconomia como uma nova vocação desse estado”, enfatizou Barbalho.

Além da exposição de 80 startups envolvidas em diversas cadeias extrativistas – de biojoias com látex, a velas aromáticas, bebidas, geleias e guloseimas de frutos típicos, até soluções tecnológicas como um barco voador – o evento contou também com a presença de artistas e empreendedores de programas do SEBRAE, fundações e instituições parceiras do Pacto Global Rede Brasil.

Nailson Gonçalves, da etnia Baré, do município de Barcelos (AM), possui uma agência de turismo e faz parte do programa Empreende Amazônia. “Nossa localidade tem mais de 30 comunidades indígenas e ribeirinhas, então vimos a necessidade de implementar o ecoturismo pela riqueza cultural, e a partir daí vimos a oportunidade de criar projetos voltados para a bioeconomia local e geração de renda. E essa atividade também vem ajudando a manter a floresta em pé, porque com a falta do turismo, nossa população migrava para a pesca predatória e o desmatamento, agora não mais, porque com o turismo trabalhamos o ano todo”.