Uma das maiores redes hospitalares do Brasil, a Rede D’or anunciou que irá investir R$ 7,5 bilhões até 2028. Os recursos serão aplicados em expansão das unidades e em 5,4 mil novos leitos, o que representa incremento de 46% sobre a base atual do grupo. Atualmente, o grupo detém o controle de 71 hospitais e outros três faz a gestão. Juntas, essas unidades representam cerca de 12 mil leitos, espalhados por 13 Estados.

Segundo os executivos da empresa, a preferência atualmente é pela expansão orgânica ao invés de aquisições, que foram a tônica da companhia em anos recentes. Essa nova prática se tornou mais atraente, uma vez que proporciona melhor retorno quando comparado às aquisições de ativos, especialmente porque as operações enfrentam acordos comerciais depreciados com operadoras de planos de saúde.

“No Brasil, os hospitais têm em média 60 leitos, o que é deficitário. Nos EUA, são 170. Na Rede D’Or, esse número é de 150 e chegaremos a 200 com a expansão. Nossa despesa geral e administrativa é de 3%, mas num hospital independente, sem rede, fica em torno de 10%. Por isso, acho que a consolidação faz sentido nesse mercado”, afirmou ao Valor Paulo Moll, presidente da Rede D’Or.

De acordo com especialistas, a conta para construção de um hospital é elevada, e tem sido encarecida pela chegada de novas tecnologias médicas. De acordo com Moll, a Rede D’Or está investindo em média R$ 1,5 milhão por leito. No passado, cerca de 80% do orçamento dos projetos da D’Or era destinados à obra e terreno e 20%, para tecnologia. Atualmente, metade do custo é com as novas tecnologias médicas.

Com mais de 70 hospitais e receita líquida de R$ 25 bilhões, a Rede D’Or vem formando parcerias com hospitais e operadoras de planos de saúde. Em 2022, comprou a SulAmérica e, em maio, fez uma joint-venture com a Bradesco Seguros que iniciará atividades ainda este ano, com três hospitais em São Paulo e no Rio. As unidades exigiram investimentos de R$ 1,1 bilhão.

No Brasil atualmente há 51,2 milhões de usuários de convênios médicos, o equivalente a 25% da população, mesmo patamar de dez anos atrás. Houve um incremento de 4 milhões de novos associados durante a pandemia, entre 2020 e 2021, mas essa taxa de crescimento não se manteve nos anos seguintes. Em boa parte, isso se deve a rende média da população, que regrediu a partir de 2018 e voltou a crescer apenas neste ano.

De acordo com o presidente da Rede D’Or, o que pode mudar esse cenário é o aumento de pessoas com empregos formais. No segundo trimestre, a taxa de desemprego caiu a 6,9%, menor patamar para o período desde 2014. “Se continuarmos com a queda no desemprego, como estamos verificando, acredito que esse mercado pode crescer. Com mais empregos e competição por talentos, a oferta de um bom plano de saúde é um diferencial. Isso já acontece na área de tecnologia e pode se estender a outras áreas”, afirmou Moll.

Fundada em 1977 no Rio de Janeiro como Cardiolab, a Rede D’Or é a maior rede integrada de cuidados em saúde do Brasil, com presença nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Paraná, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Pará e no Distrito Federal.