Batizado de Spiral Wound (perfil em espiral, em português), essa tecnologia, até então inédita no Brasil, é indicada para a recuperação de redes de esgoto e águas pluviais, revestindo a tubulação original com camadas espiraladas de perfis de PVC reforçado. Ela está sendo aplicada pela Amanco Wavin em parceria com a Almeida Sapata Engenharia, na recuperação de galerias pluviais da avenida João Dias, no Jardim São Luís, em São Paulo.

A região era conhecida por enfrentar problemas severos como alagamentos durante épocas de chuvas e pela condição envelhecida de suas redes de saneamento. Com a obra de recuperação nas galerias, a previsão é que não ocorram mais alagamentos neste trecho, beneficiando toda a população do entorno.
O Spiral Wound é um método não destrutivo (MND) oferecido de forma pioneira pela Amanco Wavin e sua aplicação é voltada para a recuperação de redes de esgoto e de águas pluviais mediante o revestimento da tubulação original com camadas espiraladas de perfis de PVC com alma de aço, podendo ser aplicado em tubos com diâmetro entre 200 mm e 5.500 mm. Pode ser utilizado em seções circulares, ovais e retangulares, entre outras formas.
O uso de MND evita grandes interferências e permite a continuidade das atividades diárias dos moradores sem interrupções significativas do fluxo do local, pois permite a entrada pelos poços de visita sem necessidade de escavação de valas, como explica Danny Carlos Rodrigues Couto, executivo de negócios da Amanco Wavin.

“Como usamos o método não destrutivo, não é necessário fazer qualquer escavação, trabalhamos dentro da galeria existente. Até por isso evitamos atuar no período de chuvas, porque o nível se eleva muito e há risco de segurança para os trabalhadores que operam o maquinário no interior da galeria. No caso, da obra da avenida João Dias, iniciamos os trabalhos em abril e concluímos em setembro”, afirma.
Também conhecido como espiralado, o Spiral Wound é formado por um perfil de PVC especial, de alta resistência mecânica e a fluidos ácidos, como os encontrados em redes de esgoto. Segundo Couto, ele é bem mais resistente à corrosão do que o concreto e faz com que as galerias tenham maior fluidez.
“A galeria da João Dias já estava em um nível crítico de corrosão, o que provavelmente levaria, nos próximos anos, a um colapso da estrutura. Além disso, a corrosão permitia que se represasse bastante material sólido, lixo principalmente, dentro da galeria. Isso fazia com que a lâmina d’água se elevasse mais do que deveria, contribuindo para alagamentos. Com o processo de recuperação, melhoramos a rugosidade da galeria, ou seja, o tubo ficou mais liso, isso faz com que nada fique represado no seu interior”, esclarece o executivo.
A galeria da avenida João Dias tem altura de 2,25 m por 2,25 m de largura e seção retangular. Para sua recuperação, foram utilizados carretéis de perfil de PVC. A estrutura é montada de forma helicoidal dentro da galeria, reproduzindo sua geometria, que no caso é retangular. O espaço entre o perfil de PVC e a estrutura de concreto original da galeria é preenchido com uma massa de concreto resistente, de forma a ocupar todos os espaços vazios e promover alta resistência mecânica à estrutura. “Essa galeria fica totalmente recuperada e terá vida útil de cerca de 50 anos. Uma rede nova dentro de uma rede antiga”, salienta Couto, salienta Couto, ressaltando que “o projeto é elaborado no Brasil, enviado para nossa equipe na Europa e, em seguida, montado no país”.
A criação dessa tecnologia remonta ao final da Segunda Guerra Mundial, como conta o executivo da Amanco. “Embora até agora inédita no Brasil, essa solução é utilizada em outros países há bastante tempo. Existem centenas de quilômetros de redes reabilitadas com ela, que nasceu no contexto do pós-guerra, quando as infraestruturas estavam bastante danificadas. O Japão utiliza muito essa técnica, sobretudo porque há recorrentes abalos sísmicos no país, com impactos na infraestrutura, com frequência muito danificada”, revela Couto.