Uma forma de realizar obras mais rápidas e baratas, com maior impacto social e melhor do ponto de vista ambiental. Tema do próximo Rio Construção Summit 2025,evento que será realizado na capital carioca de 24 a 26 de setembro do próximo ano, a industrialização nas construções foi destacada pela Dimensional Engenharia, que atua no mercado imobiliário e de infraestrutura, e foi responsável pela entrega do novo prédio administrativo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O edifício, que foi destruído por um incêndio em 2018, teve essa obra antecipada em dois meses após ser executada pela Dimensional por construção modular off-site (fora do canteiro da obra), e à gestão de projeto.
Segundo Vinicius Benevides, diretor Operacional da Dimensional e vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sinduscon-RJ), seu trabalho obedece a três horizontes na utilização de tecnologia: gestão de dados, projeto e construção.
Em gestão de dados, projetos e obras, a construtora adota, em larga escala, a metodologia BIM (Building Information Modeling). “O BIM é um gêmeo virtual da construção. Com todas as informações necessárias para a construção, o maior objetivo desse processo é projetar, coordenar, comunicar, colaborar, mitigar erro e antever problemas no projeto. O maior impacto do BIM na nossa experiência é no tempo de projetar – com economia de uns 20% do tempo de projeto –, além de economizar cerca de 3% de custo de construção com retrabalhos e não conformidade”, aponta.
Em projeto e execução, Benevides conta que a Dimensional fomenta o ecossistema de startups na construção civil através do investimento em um fundo de venture capital focado em PropTechs e ConstruTechs.
“Em gestão de projeto, temos investido e incentivado o uso de tablets nas obras para diminuir o custo com impressão e uso do papel, mas nem todos os funcionários utilizam. Sendo assim, os projetos são impressos com QR Codes para permitir avisualização da versão atualizada da planta”, afirma.
O drone, outra ferramenta empregada pela Dimensional, é usado para mapeamento e acompanhamento visual –através de fotos e vídeos das obras – e levantamentos topográficos dos terrenos de forma mais acelerada. Ele cria um modelo tridimensional, com nuvem de pontos dos terrenos obtida a partir da captação, por meio de um laser scanner 3D.
Entre os sistemas construtivos industrializados, duas tecnologias são uma aposta para o futuro: Light Steel Frame e o Wood Frame. “No caso do steel frame, são perfis metálicos leves que formam um quadro, um pórtico desse perfil metálico, e que são revestidos com placas cimentícias para poder fazer uma construção a seco e mais industrializada”, explica. Eles chegam na obra pré-cortados e pré-dobrados, depois é feita a vedação com as placas cimentícias, esclarece Benevides, acrescentando que, no final, vira um canteiro de montagem e não um canteiro de
obras.
Tributação da construção
Para Vinicius Benevides essas vantagens da industrialização no setor, no entanto, sofrem com um entrave significativo: o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os produtos industrializados que chegam aos canteiros de obras. A tributação encarece a construção, chegando a inviabilizar os investimentos
em tecnologias construtivas que poderiam contribuir para a modernização do setor.
“Isso deverá ser mitigado pela reforma tributária, mas ela tem um horizonte de 10 anos para estar totalmente implementada. Então, a gente não pode esperar esse tempo todo para destravar a industrialização da construção no
Brasil. É preciso adotar medidas para equiparar pelo menos a tributação das construções com metodologias construtivas à da tradicional”, sugere o executivo da Dimensional, que destaca a importância da parceria com a Firjan para discutir e cuidar da questão.
“A tributação tem que ser estudada caso a caso, para ver se as economias que a empresa tem com a velocidade da obra e otimização da mão de obra compensam esse custo maior de investir em uma tecnologia industrializada.
Isso pode inviabilizar diversos empreendimentos e aumentar o caminho para essas tecnologias serem utilizadas em larga escala no Brasil”, argumenta Benevides.
Sobre o Museu Nacional
Apesar da reconstrução do Museu Nacional do Rio ainda estar em andamento, o diretor da Instituição, Alexander Kellner, destacou a necessidade de conseguir mais recursos a curto e médio prazos para conseguir reabrir a visitação ao palácio histórico dentro do prazo estimado de abril de 2026.
“Precisamos captar até novembro R$ 50 milhões e, até fevereiro do ano que vem, mais R$ 45 milhões. São R$ 95 milhões”, disse o diretor em entrevista à Agência Brasil.
O orçamento estimado para a reconstrução do museu, incluindo o que já foi arrecadado, é de R$ 491,7 milhões. Os recursos adquiridos têm origens no setor público e na iniciativa privada.
São patrocinadores do projeto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ministério da Educação (MEC), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Congresso Nacional, Bradesco e a Vale.
Segundo informações da Agência Brasil, a previsão da direção é entregar o Bloco 1 (histórico) do Museu Nacional em abril de 2026. A reabertura total está prevista para 2028.
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