A Eletrobras firmou, na Alemanha, compromisso para produção de hidrogênio verde (H2V) no Brasil e que será comercializado na Europa. O Acordo de Estudo Conjunto (JSA, na sigla em inglês) foi assinado em 13 de novembro e envolve parceria com a EnerTech, do Kuwait, e a alemã Securing Energy for Europe (Sefe). Na primeira etapa, a meta é a produção de 200 mil toneladas de H2V por ano, já a partir de 2030.
Na parceria, a Eletrobras será a fornecedora de energia renovável do projeto, enquanto a estatal EnerTech será responsável pelos investimentos e vai desenvolver a infraestrutura de produção do H2V. Já a Sefe fará a comercialização do hidrogênio verde produzido e responderá pelo transporte da amônia verde do Brasil para Alemanha. As três empresas serão coproprietárias dos ativos de produção, em uma parceria de longo prazo, conforme revelou a Eletrobras.
O desenvolvimento do projeto será feito no Brasil, que usará energia gerada pelas usinas hidrelétricas da Eletrobras para produzir hidrogênio verde que será comercializado inicialmente na Alemanha e depois em outros países europeus. Fontes de energia limpas, como a solar e a eólica, também podem ser usadas, o que faz do Nordeste um forte candidato a receber o projeto.
Como é produzido o hidrogênio verde
A produção de hidrogênio verde é feita por meio da eletrólise da água, em um processo que separa as moléculas de hidrogênio das de oxigênio. Para isso é preciso o uso de outra fonte de energia. Uma usina para ser considerada verde deve receber energia de uma fonte energética renovável – solar, eólica, biomassa, hidrelétrica. A grande vantagem competitiva do Brasil é seu grid com mais de 90% de energia limpa.
Para produzir H2V, a usina é equivalente a uma refinaria, só que para energia renovável. É utilizada uma variedade de máquinas e equipamentos, entre eletrolisadores (que realizam a eletrólise da água, separando o hidrogênio e o oxigênio por meio da passagem de corrente elétrica através do líquido), turbinas eólicas ou painéis solares (que fornecem a eletricidade necessária para eletrólise), compressores (utilizados para comprimir o gás hidrogênio,
tornando-o mais viável para armazenamento e transporte), tanques de armazenamento, filtros de purificação (para remover impurezas e umidade do hidrogênio, garantindo sua pureza e qualidade), além de caminhões ou dutos para transporte do hidrogênio até os locais de uso final.
A quantidade de eletricidade necessária para produzir 1 tonelada de hidrogênio verde pode variar dependendo da tecnologia e do processo de produção utilizados. Em média, estima-se que sejam necessários cerca de 50 MWh de eletricidade para produzir 1 tonelada de hidrogênio verde por meio da eletrólise da água. Os custos de produção de hidrogênio verde giram em torno de US$ 2 a 6 por quilo, mas podem variar muito, dependendo das condições
específicas do projeto, da escala da produção e das condições locais de mercado de energia renovável.
No Brasil, considerando as vantagens competitivas do grid interligado e disponibilidade de água doce, o custo médio de produção de hidrogênio verde é de US$ 2,87 por quilo, segundo o índice LCOH Brasil da consultoria Cela. Esse valor é considerado competitivo em relação ao custo de produção de hidrogênio a partir de fontes fósseis, que varia de US$ 1,4 a US$ 3.
Dos produtos oriundos da produção de hidrogênio verde está, além do próprio H2V, a amônia verde. Entre as aplicações do H2V, ele pode ser usado como combustível para diversos tipos de veículos e como matéria-prima na siderurgia e no refino de petróleo. Já a amônia verde é usada como matéria-prima na fabricação de fertilizantes e acrílicos e também pode ser utilizada como combustível, em especial por navios graneleiros e porta-contêineres.
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