Coamo Agroindustrial vai construir uma nova planta de etanol de milho em Campo Mourão (PR), que exigirá R$ 1,7 bilhão de investimentos, dos quais R$ 500 milhões serão emprestados pelo BNDES, por meio do Fundo Clima. A unidade terá ainda uma usina termelétrica, com capacidade para produzir 30 MW de energia elétrica, suficiente para abastecer o parque industrial de Campo Mourão.

A planta poderá produzir diariamente 765 mil litros de etanol de milho e terá capacidade de processamento de 1,7 mil toneladas do cereal por dia. A cooperativa prevê, ainda, produzir 510 toneladas de farelo para nutrição animal, entre grãos secos de destilaria com solúveis e DDGS, e 34 toneladas de óleo de milho, coprodutos provenientes da etapa de fermentação. A notícia sobre a nova unidade foi publicada no Valor Econômico.

Coamo ainda não tem um processo completo de industrialização do milho, mas o consumo do cereal cresceu a partir da entrada em operação da nova indústria de rações, que utiliza 2% do volume do grão que ela recebe dos mais de 31 mil associados da cooperativa. Com a produção de etanol de milho, ela espera elevar essa fatia para 20%. A nova unidade ficará no parque industrial da empresa, às margens da BR-487. 

A cooperativa foi fundada em 1970, a partir da união de 79 agricultores de Campo Mourão, em uma época que a região vivia o fim do ciclo da madeira e não contava com tecnologias agrícolas, registrando apenas lavouras manuais de arroz, milho e algodão. Hoje, a Coamo tem nove plantas industriais, que atuam em diferentes cadeias, entre elas torrefação de café, moagem de trigo e produção de gorduras vegetais. Está presente em 75 municípios do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul e emprega mais de 9 mil funcionários. Fatura R$ 30,3 bilhões e movimenta cerca de 10 milhões de toneladas de grãos (3,1% da produção brasileira), das quais 4,9 milhões de toneladas são exportadas.

O projeto da Coamo é o quarto do agronegócio a receber, em 2024, verba do Fundo Clima, programa vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e que o BNDES administra. Somados, esses quatro projetos vão receber R$ 1,12 bilhão do fundo. “Projetos com esse perfil, financiados pelo Fundo Clima, agregam valor aos produtos, como o milho, com a produção de etanol e de insumos para o setor de proteína animal. Além disso, o etanol reduz significativamente a emissão de gases de efeito estufa”, afirmou, em nota, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Ao longo deste ano, o BNDES aprovou R$ 3,9 bilhões em crédito para o segmento de biocombustíveis, incluindo agroindústrias e indústrias de outros setores econômicos. Esse é o segundo maior desembolso do banco desde 2005. O recorde ocorreu em 2010, quando os empréstimos somaram R$ 4,5 bilhões.