Em 2022, a United Airlines, uma das maiores empresas aéreas do mundo, assumiu o centro de manutenção de aeronaves de grande porte do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão). Com isso, houve a necessidade de reformar e modernizar o antigo hangar da Varig para comportar as operações de manutenção da United Airlines no Brasil. A partir desse cenário, a Diase Construtora conquistou, em 2022, o contrato para execução do retrofit do hangar.
O hangar e as edificações foram construídos na década de 1970 pela Fábrica de Estruturas Metálicas (FEM), subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional. Construído em estrutura metálica – fechamentos metálicos em planos inclinados, cobertura com sheds para iluminação natural, com treliças metálicas que vencem o vão livre de 135 m na largura e 109 m de profundidade –, foi o quinto maior hangar do mundo e o maior da América Latina.
Possui área total de 39 mil m², comporta quatro aeronaves simultaneamente e possui áreas de estoque, oficinas e laboratórios, além de prédio administrativo com escritórios, salas de reunião, salas de treinamento, auditório, sanitários, vestiários, refeitório e sala de monitoramento de segurança. Após a conclusão do retrofit, o hangar terá toda infraestrutura para execução de manutenção pesada de aeronaves de grande porte e áreas de suporte para pessoal.
Em razão da idade do hangar e da falta de projetos, para início do processo, foi realizado o levantamento técnico dos sistemas e da edificação com o escaneamento com o Laser Scanner Leica RTC36. O pós-processamento, ou seja, o refinamento do registro, foi feito com o Cyclone Register no PC, exportando para extensão RCP e LGS, que foram os arquivos entregues para posterior modelagem em Revit. Isso permitiu também, além de velocidade no levantamento, o que de outra forma seria inviável em razão do tamanho da estrutura, a realização de medições precisas, documentação das estruturas existentes, elaboração dos projetos e planejamento da obra.
Tendo em vista que a edificação é antiga, alguns desafios da obra incluíram a adequação às normas vigentes, assim como a implantação de novas tecnologias e a implementação de sistemas e equipamentos para as quais o hangar originalmente não havia sido projetado, sendo necessário importante trabalho de compatibilização dos sistemas às limitações de espaço e infraestrutura do hangar.
Segundo a Diase, diversas estratégias estão sendo adotadas com o objetivo de maximizar o desempenho das instalações, viabilizando a aplicação de equipamentos e sistemas que colocam o hangar tecnologicamente dentro dos parâmetros atuais de hangares de manutenção. Um exemplo é a solução aplicada na cabine de pintura em relação à disponibilidade de carga elétrica. Esse ambiente precisa ser climatizado e é necessário garantir uma troca de ar com média de 28.000 m³/h, resultando em uma carga térmica de 200 TR’s.
A carga elétrica demandada para operação do sistema de climatização e exaustão da cabine de pintura excedia a disponibilidade de carga no sistema elétrico. Nesse caso, foi desenvolvida uma solução para troca de calor utilizando o ar tratado no descarte da cabine de pintura para resfriar o ar externo na admissão do equipamento com a utilização de uma roda de entalpia. Essa estratégia permitiu a redução da capacidade do chiller de 200TR’s para 134 TR’s e consequentemente redução da demanda elétrica.
Destaca-se ainda o sistema de refrigeração que é utilizado para climatizar as aeronaves durante o período de manutenção (PCA – Aircraft Preconditioned Air). Foi necessária a compatibilização do equipamento importado com os materiais nacionais aplicados na execução da infraestrutura, a fim de garantir o funcionamento adequado do sistema.
O retrofit do hangar e instalações proporcionou a modernização de uma edificação da década de 1970 para a nova realidade do ponto de vista normativo, de segurança e tecnologia. Já em operação, o hangar da United Airlines, que é o primeiro centro de manutenção de aeronaves de grande porte da companhia fora dos EUA, é o precursor da revitalização do centro de manutenção do Galeão se reestabelecendo como importante vetor de economia e desenvolvimento do próprio aeroporto e do Rio de Janeiro.
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