Para obter a renovação da concessão, a Ferrovia Centro Atlântica (FCA) propôs à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) realizar investimentos da ordem de R$ 24 bilhões na modernização, recapacitação e sinalização da ferrovia, além de ampliar a frota de locomotivas e vagões. A empresa ainda pagaria R$ 5 bilhões pela outorga, pela devolução de trechos inoperantes à União e por obras em 35 cidades. Aproximadamente metade desse valor deverá ser investida entre 10 e 12 anos.
A FCA projeta que os R$ 24 bilhões em investimentos na infraestrutura ferroviária e no material rodante, concentrados principalmente no corredor Sudeste, que liga Goiás a Santos, elevarão em 46% o volume de carga transportada pela FCA no próximo ciclo de concessão, previsto para iniciar em 2026, quando o atual se encerra. Em 2023, a ferrovia movimentou 41 milhões de toneladas, com predominância de grãos (50%), além de produtos siderúrgicos, industriais, açúcar e fertilizantes.
Cerca de R$ 1,4 bilhão, dos R$ 5 bilhões a serem pagos pela outorga, serão destinados a obras, como a construção de um ramal ferroviário de 2,5 km conectando a ferrovia ao porto de Aratu, na Bahia. Também foram propostas 80 intervenções para resolver conflitos urbanos, incluindo viadutos, pontes e passagens de nível em 35 cidades por onde passam os trilhos da FCA, o que beneficiaria cerca de 5 milhões de pessoas, segundo a empresa.
Com a renovação do contrato, a FCA propõe devolver trechos e ramais inativos, que totalizam 2.132 km de trilhos. A indenização à União por essa devolução está estimada em R$ 3,6 bilhões. Caso a devolução seja confirmada, a extensão da malha ferroviária da FCA será reduzida para 5.470 km – atualmente ela conta com 7.860 km de trilhos.
Formada a partir de um antigo trecho da extinta Rede Ferroviária Federal, privatizado em 1996, a FCA atravessa sete Estados, além do Distrito Federal, indo de São Paulo a Sergipe, passando por Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e Goiás. É controlada pela holding VLI Multimodal, que também opera a Ferrovia Norte-Sul, que se conecta à Estrada de Ferro Carajás, e chega aos portos do Maranhão. A VLI tem como acionistas o fundo
canadense Brookfield, a Vale, a japonesa Mitsui, o fundo FI-FGTS e o BNDESPar, do BNDES.
Os controladores querem deixar os anos de prejuízo da FCA para trás e, desde 2016, buscam renovar a concessão por mais 30 anos. A ANTT está analisando as recomendações das audiências públicas realizadas ao longo do trajeto da ferrovia e coletando dados adicionais para enviar um parecer ao Tribunal de Contas da União (TCU), que só o avaliará em 2025.
Apesar de ter a Vale como sócia, a FCA não é uma ferrovia com operação dedicada a transportar cargas dos controladores. É voltada a cargas de terceiros, levadas aos portos em Santos, em seu terminal Tiplam, situado em Cubatão, e de Vitória. Para isso, usa o direito de passagem em ferrovias da MRS Logística e da Vitória a Minas.
Compartilhar
Compartilhar essa página com seus contatos!