Ao vencer a concessão chamada Nova Raposo Tavares, com lance de R$2,19 bilhões de outorga a ser pago ao governo de S.Paulo, o presidente da Ecorodovias, Marcello Guidotti, declarou ao jornal Valor que o lance tomou como base estudos e premissas muito sólidos, além de extensos estudos de engenharia em busca de soluções competitivas para as obras, em termo de custos. Reiterou que o projeto é altamente financiável, por já ter geração de caixa. O contrato é de 30 anos e tem compromisso de investir cerca de R$7,9 bilhões.
A concessão inclui 92 km de estradas e inclui parte do sistema Raposo Tavares-Castelo Branco, na R.M. da capital. Parte do trecho é operada pela ViaOeste, cujo contrato se encerra em 2025. Uma das maiores dificuldades das obras é o intenso tráfego no trecho de São Paulo a Cotia, que se transformou na prática numa avenida urbana com a intensa urbanização no entorno da rodovia nas décadas recentes. Nos horários de rush pela manhã e fim da tarde, esse trecho de 57 km pode levar até 2 horas para ser percorrido de carro e o transporte público é precário.
Ecorodovias vence primeiro dos cinco leilões de rodovias que devem gerar R$ 40 bilhões em obras
Os cinco leilões programados até o final do ano envolvem rodovias localizadas nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás. Somados, os projetos devem gerar cerca de R$ 40 bilhões em obras. O primeiro deles abrange a concessão de um trecho do sistema Raposo Tavares-Castello Branco, em São Paulo, e foi realizado nesta segunda-feira, dia 28, na B3, Bolsa de Valores de São Paulo. Foi vencido pela Ecorodovias, com oferta de R$ 2,19 bilhões de outorga (ágio de 47.117,67%).
Batizada de Nova Raposo, a concessão inclui, além dos trechos de vias operadas atualmente pela Via Oeste, estradas sob gestão do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP). Serão necessários investimentos de R$ 7,9 bilhões em obras.
Nova Raposo representa 92 km de estradas e inclui três rodovias: SP-280, SP-270, SP-029 e também o trecho municipal entre Cotia e Embu das Artes, paralelo ao Rodoanel Oeste. No total, dez cidades serão cruzadas pela nova concessão, que durará 30 anos.
Entre os investimentos exigidos para a nova concessão estão a continuidade de vias marginais e a implantação de faixa adicional entre a capital e Cotia, para que os acessos não sejam feitos por meio da via expressa. A nova solução para a chegada a São Paulo inclui diversas soluções em desnível na Raposo Tavares e a duplicação da SP-029 e do trecho Cotia-Embu. Segundo o governo paulista, as obras deverão ser feitas nos sete primeiros da concessão.
Quatro leilões em dezembro
Para o próximo mês estão agendados quatro leilões. A Rota da Celulose, no Mato Grosso do Sul, é o primeiro deles e envolve 870 km inclui estradas estaduais e federais. Esse trecho exigirá R$ 5,8 bilhões de investimentos. Por meio de parceria com a União, o governo de Mato Grosso do Sul está tocando a licitação.
Segundo Eliane Detoni, secretária Especial de Parcerias Estratégicas do Estado, o perfil dos interessados é variado. “Tem grupo mais consolidado, tem investidores entrando no segmento compondo parcerias, está bem diversificado”, afirmou a secretária ao Valor. Entre os candidatos para assumir a concessão está o grupo Way, formado por construtoras que já operam na região.
O segundo leilão de dezembro está marcado para o dia 12 e envolve dois projetos do governo federal. O primeiro deles é o Lote 3, que inclui 570 km de estradas, entre Ponta Grossa e o norte do Paraná. Quatro empresas se mostraram interessadas no projeto, que prevê R$ 10 bilhões de investimentos.
Outro projeto, batizado Rota Verde, compreende 426 km de rodovias em Goiás, conectando Rio Verde, Goiânia e Itumbiara. De acordo com analistas de mercado, esse leilão deverá ser o com o maior número de competidores do ano. Mesma posição tem o secretário-executivo do Ministério de Transportes, George Santoro. “O principal atrativo é a expectativa futura de crescimento do fluxo, em uma via no centro do agronegócio. É um projeto bem construído, tem desafios porque não é pedagiado hoje, mas a modelagem foi bem tabulada”, disse ao Valor.
Fechando o pacote, no dia 19, está prevista a licitação do Lote 6 de rodovias do Paraná, um trecho de 662 km, que faz a ligação de Foz do Iguaçu a Guarapuava e ao sul do Estado. Esse projeto exigirá R$ 12,7 bilhões de investimentos e terá volume grande de duplicação, com obras grandes e complexas. Nesses projetos, Pátria e EPR, que já conquistaram respectivamente os lotes 1 e 2 de rodovias do Paraná, são vistas como interessadas. No mercado, a paranaense 4UM, que recentemente conquistou a concessão da BR-381 em Minas Gerais, também é apontada como forte candidata.