Para se manter à frente na corrida por energias sustentáveis, o Brasil
precisa derrubar alguns mitos e fomentar as cadeias de produção de energia nuclear e eólica, além de investir na nova geração de biocombustíveis, como o etanol a celulose. Essas são algumas das conclusões do estudo “Energy Shift” (“Virada Energética”, em tradução livre), da consultoria Booz & Company, que traçou um panorama do cenário de energia no mundo até 2030.

Em termos globais, é previsto um cenário em que os combustíveis fósseis -petróleo, carvão e gás natural – perdem espaço, mas não deixam de ser importantes. Ao mesmo tempo, as pressões em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa vão obrigar governos e empresas a combinar diferentes fontes de energia.

As chamadas fontes alternativas, como energia eólica, fotovoltaica e geotérmica, ganham espaço, e também a geração nuclear cresce, por ser livre de emissões de CO2 – apesar das polêmicas envolvendo o destino do lixo radioativo.

Inovar é preciso

O estudo observa que o Brasil está bem posicionado em relação à sua matriz energética, com 46% de fontes renováveis. Mas diz ser preciso não se acomodar com as inovações que levaram o País a essa liderança, como hidrelétricas, carros flex e etanol.

“A virada energética no Brasil terá um ritmo diferente dos países desenvolvidos, pois fomos o primeiro país a concentrar esforços em desenvolver fontes renováveis”, explica Arthur Ramos, sócio da Booz & Company no Brasil. “Mas o Brasil tem de almejar estar na linha de frente do desenvolvimento de novas tecnologias em geração de energia. É hora de virar a página e investir em inovação”, diz.”Ainda haverá espaço para os fósseis, mas também para energia eólica, fotovoltaica e gás natural, que é um combustível fóssil, mas bem menos poluente.”

Ou seja: é melhor parar de nos vangloriar de termos hidrelétricas e etanol em grande escala e começar a vislumbrar outros horizontes. E não sujar a matriz com termelétricas a óleo combustível, como já prevê o plano de energia para os próximos anos.

O estudo da Booz & Company tem como objetivo dar pistas sobre o futuro da energia, para que empresas de diferentes setores se preparem para as mudanças. “O conselho para o Brasil seria desenvolver as cadeias produtivas de energia eólica e nuclear”, diz Ramos. Entre as fontes renováveis, a eólica é a que deve alcançar maior escala em menor período de tempo, aponta a pesquisa.

Fonte: Estadão