Nildo Carlos Oliveira
E temos aí um problema para a engenharia: reparar a estrutura da cobertura do Engenhão – o Estádio Olímpico “João Havelange” – localizado no bairro carioca de Engenho de Dentro e construído para os Jogos Pan-Americanos Rio 2007.
A obra começou mal, em razão das promessas que a antecederam e que previam amplas melhorias no bairro; continuou mal, tendo de mudar de consórcio construtor e prosseguiu assim, necessitando, agora, de ajustes na cobertura, seis anos depois de inaugurada, para que problemas mais graves não aconteçam.
A estrutura da cobertura é formada por 42 tesouras treliçadas com 50 m de comprimento, suspensa por tirantes. Compõe, com estes, um triângulo que proporciona estabilidade lateral aos grandes arcos formados por tubos circulares, dois deles com 221 metros de comprimento e, outros dois, com 163 metros de comprimento.
O conjunto tem uma estética atraente, considerada, na época da inauguração, inovadora para estádios de futebol, em especial, aqui no Brasil. A obra resultou de um bom projeto de arquitetura e de projetos estruturais (concreto e aço) elaborados por engenheiros de renome.
Mas, o que teria acontecido com a obra?
O primeiro erro foram as promessas. Com a construção do estádio viriam as melhorias dos acessos. O bairro seria outro. O sistema viário e dos demais meios de transporte seria alterado. Mas nada disso aconteceu. Os acessos continuaram os mesmos: precários e inadequados para as multidões que ocupavam o estádio nos dias de jogos. O segundo erro teria sido de contratação. Tanto é que, na 1ª fase, o primeiro consórcio (Delta e Recoma) desistiu. As obras tiveram de ser continuadas, na 2ª fase por outro consórcio (OAS e Norberto Odebrecht). Resultado da série de equívocos: a obra, que originalmente custaria R$ 60 milhões, passou a custar R$ 380 milhões.
Ao longo do período entre a inauguração e as medidas agora tomadas para que sejam feitos os reparos, houve outro problema que a administração municipal da época está apontando: não houve manutenção. O lamentável nisso tudo é que foi necessário que uma empresa estrangeira, a alemã RBS, especializada em coberturas de estádios, abrisse o bico, apresentando um relatório sobre os problemas na cobertura, para que a prefeitura do Rio resolvesse interditar a arena. E agora? Quem vai pagar a conta do conserto?
Fonte: Nildo Carlos Oliveira
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