Criada pelo fundo Mubadala Capital, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, a empresa de energia Acelen anunciou investimento de R$ 12 bilhões na produção de diesel verde e bioquerosene de aviação (SAF, na sigla em inglês) no Brasil. A meta é fabricar 1 bilhão de litros por ano a partir da produção da macaúba, em plantio em áreas degradadas que totalizam 200 mil hectares, conforme apurou o Valor.
Os recursos serão aplicados ao longo de dez anos e preveem estabelecer uma cadeia verticalizada para produzir biocombustíveis a partir do óleo da macaúba, planta natural da Bahia de alto poder energético e ainda subaproveitado. Do total a ser investido, a Acelen deverá destinar até R$ 2,5 bilhões para pesquisa e desenvolvimento. A ideia é investir em inovação agrícola, no que tem sido chamado de Fazenda 4.0, e a expectativa da empresa é fazer 50% dos aportes necessários em P&D nos primeiros 36 meses de implantação do projeto.
O plano da Acelen, que atualmente opera a refinaria de Mataripe, na Bahia, é dominar todo o ciclo da produção, adotando um modelo verticalizado. Com isso, a companhia visa dominar a genética e a produtividade da macaúba, reduzindo custos e gerando ganhos de escala – o vegetal tem produtividade por hectare entre cinco e sete vezes maior do que a soja. Enquanto a produção não se torna realidade, a companhia usará, inicialmente, a soja para a produção dos biocombustíveis.
De acordo com a Acelen, a previsão é que as obras de construção da biorrefinaria comecem em janeiro de 2024 e a produção, no primeiro trimestre de 2026. Segundo o
vice-presidente de novos negócios da Acelen, Marcelo Cordaro, o foco da empresa é comercializar o diesel verde e o SAF no mercado externo, atendendo também a demanda interna. Segundo ele, a procura por produtos verdes é cada vez mais alta entre as empresas que precisam descarbonizar as operações.