BNDES financia R$ 1 bilhão para Raízen produzir  etanol de segunda geração

BNDES financia R$ 1 bilhão para Raízen produzir etanol de segunda geração

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 1 bilhão para Raízen Energia construir uma unidade de etanol celulósico de segunda geração (E2G) em Andradina (SP), com capacidade instalada para produzir até 82 milhões de litros por ano.

Com recursos do Programa BNDES Mais Inovação (R$ 500 milhões) e do Fundo Clima (R$ 500 milhões), a planta será uma das seis previstas no País para atingir a viabilidade econômica do E2G até 2028. No total, o projeto prevê investimentos de aproximadamente R$ 1,4 bilhão e a geração de mais de 1.500 empregos diretos na fase de construção e 200 durante a operação.

Em abril de 2024, a Raízen, uma das maiores produtoras mundiais de derivados da cana-de- açúcar, inaugurou sua segunda planta de E2G, no Parque de Bioenergia Bonfim, em Guariba (SP). Com investimento de R$ 1,2 bilhão, a unidade de etanol celulósico é, segundo a empresa, a maior do mundo e conta com 80% do volume já contratado sobre a capacidade de produção de 82 milhões de litros por ano. A primeira unidade do gênero do grupo está instalada no Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba (SP), tendo iniciado suas atividades em 2015.

No ano passado, a companhia divulgou ambicioso plano de produção de etanol de segunda geração no Brasil. Previa a operação, até 2031, de 20 novas plantas de E2G, também chamado de etanol verde e bioetanol. “A Raízen estima que, até 2031, após todas as unidades serem inauguradas, a capacidade instalada de produção anual será de aproximadamente 1,6 milhão de m 3 de E2G”, revelou em julho o então diretor de Projetos Renováveis da Raízen, Ozanan Pessoa.

Incluindo a unidade financiada pelo BNDES, a Raízen tem agora cinco obras de E2G em andamento, todas no Estado de São Paulo: Barra (em Barra Bonita), Gasa (Andradina), Vale do Rosário (Morro Agudo) e Parque de Bioenergia Valparaíso (Valparaíso), previstas para serem inauguradas neste ano; e Parque de Bioenergia Tarumã (Tarumã), com conclusão estimada para a safra 2026/27. Em outubro, a empresa anunciou uma planta em Goiás, com previsão de início de operações em 2028.

Com uma pegada de carbono 80% menor que a gasolina comum e 30% menor que o etanol de primeira geração, o E2G tem aplicabilidade em diversas frentes, como combustível de aviação (sustainable aviation fuel – SAF), hidrogênio verde e combustível marítimo. A planta do biocombustível, diferentemente do método convencional de produção do etanol (fermentação do caldo da cana-de-açúcar com leveduras), usa enzimas especialmente formuladas para extrair os açúcares presentes na celulose do bagaço da cana, que posteriormente são fermentados por meio de leveduras.

De acordo com o BNDES, a produção de etanol celulósico no mundo é ainda incipiente, representando menos de 1% da fabricação de etanol no Brasil. Em 2024, a produção brasileira de etanol de primeira geração alcançou 34,2 bilhões de litros. Com as novas unidades de produção de E2G da Raízen em construção, a capacidade nacional poderá atingir em breve 440 milhões de litros do biocombustível.

Na visão do diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luís Gordon, o projeto apoiado pelo banco está alinhado aos objetivos da nova política industrial do Brasil, que têm como diretrizes a transição energética e a inovação tecnológica. “A ampliação da produção de E2G contribuirá para fortalecer a posição nacional como um dos principais produtores potenciais de novos biocombustíveis. Apenas para SAF e combustível marítimo, a demanda mapeada pelo BNDES para investimentos é da ordem de R$ 167 bilhões. São investimentos que garantirão a expansão da fronteira tecnológica brasileira”, afirmou, em nota, o executivo.

Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o apoio do banco para a construção de uma unidade de etanol avançado vai contribuir para a expansão da fronteira tecnológica brasileira, além de atrair mais investimentos para a cadeia de fornecedores de insumos, máquinas e equipamentos. “O BNDES dispõe dos instrumentos fundamentais, como o Fundo Clima, que apoia projetos que visam a descarbonização, com apoio à produção de biocombustíveis, e o Mais Inovação, que impulsiona o desenvolvimento de tecnologias disruptivas e que agreguem valor à produção nacional”, revelou Mercadante, em comunicado do banco.

Criada em 2011 a partir de uma joint venture entre a Cosan e a Shell, a Raízen opera em diversas frentes. Suas atividades incluem o cultivo da cana-de-açúcar, a produção de açúcar e etanol, cogeração de energia, logística, transporte e distribuição de combustíveis, entre outros negócios, empregando cerca de 45 mil colaboradores.


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