A revista OEmpreiteiro realizou no dia 26 de setembro em São Paulo o FÓRUM INFRA 2025, reunindo importantes concessionárias e contratantes públicos que destacaram não somente obras relevantes em execução, mas, também, os investimentos previstos nos próximos anos. Considerando as entidades federais e órgãos estaduais que iniciaram gestão em janeiro passado, os participantes, como de costume, falaram também do planejamento a longo prazo das concessionárias privadas, que, na década recente, tornaram-se a principal fonte de recursos de novas obras de infraestrutura no País.
Mais de 300 profissionais de diversas setores da engenharia, bem como de contratantes públicos e privados de infraestrutura, fornecedores de tecnologias e serviços, assistiram às palestras no Centro Brasileiro Britânico, que teve como moderador Sergei Fortes, vice-presidente da Sinaenco (Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia Consultiva).
A programação abriu com CTG Brasil, Enel Green Power e Gás Natural de Açu, que dentro da peculiaridade dos seus projetos, mostraram o acerto da política nacional de energia ao longo de décadas, ao privilegiar usinas hidrelétricas desde o princípio, incentivar fontes eólicas e solar em tempos recentes, e abrir caminho para o novo ciclo de termelétricas movidas a GNL (Gás Natural Liquefeito).
A gigante CTG Brasil realiza o maior programa de modernização de hidrelétricas no País, envolvendo as 34 unidades geradoras de Jupiá e Ilha Solteira, localizadas em São Paulo. Um projeto emblemático de 10 anos que envolve mais de 90 fornecedores e empresas de engenharia, pois, poucas unidades geradoras podem ser desligadas de cada vez—conforme autorizado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). A palestra foi conduzida por César Teodoro, diretor de Engenharia da CTG Brasil.
Já a Enel Green Power tem foco nas fontes renováveis e apresentou a etapa mais recente do maior parque eólico em construção, o Lagoa dos Ventos, no Piauí. A maioria dos trabalhadores foi recrutada e treinada na região. A apresentação pela Enel foi ministrada pelo diretor Nelson Assumpção Neto.
Em seguida, foi a vez da empresa Gás Natural de Açú, que almeja construir até 4 termelétricas movidas a GNL no porto de Açu, RJ, tendo comissionado a primeira planta em setembro de 2021. A segunda usina está em montagem. Chegou a mobilizar 10 mil trabalhadores, sendo a maior parte radicado nessa região do Rio. O palestrante foi Júlio Marcante, diretor de implantação e operação da GNA.
Na pauta de saneamento, a Sabesp mostrou como superou o desafio de reduzir a carga de esgotos das comunidades das áreas ocupadas de forma irregular nas margens do Rio Pinheiros, na capital paulista, aplicando tecnologias inovadoras, e com uma modalidade pioneira de remuneração das empresas de engenharia contratadas no programa, aferida através da redução de índices de carga orgânica na água, atestada em laboratório. Essa experiência de sucesso será replicada no Rio Tietê, em uma extensão de cerca de 1.000 km.
A Sabesp vai alocar R$26,2 bilhões nesses quatro anos, priorizando projetos estruturantes como a despoluição do Tietê, ampliação do ETE Barueri, e da ETA Mambu-Branco, em Itanhaém, na Baixada Santista. Quem representou a Sabesp foi Paula Violante, diretora de engenharia e inovação.
Já a BRK Ambiental fez um balanço das atividades na Região Metropolitana de Maceió, onde precisa atender comunidades de baixa renda que vivem em Grotas, que antes dependiam de caminhões pipa que apareciam de vez em quando. A chegada de redes de água tratada abateu a incidência de cólicas nas crianças da localidade. Atualmente, a empresa está executando obras em Barra de São Miguel, cuja população se multiplica para 50 mil na temporada de verão. A empresa vai executar 13 novas ETAs e 15 ETEs. O palestrante foi Wilson Bombo, diretor operacional da BRK Ambiental.
Logo depois foi a vez da empresa Águas do Rio, do grupo Aegea, que está atuando em uma série extensa de intervenções de campo no Rio de Janeiro, combatendo vazamentos de água nas redes que ocorriam anos a fio. O efeito mais espetacular da sua atuação na canalização de esgotos antes lançados foi a balneabilidade das praias conhecidas em Flamengo, Botafogo e lagoa Rodrigo de Freitas, atestada em tempos recentes por órgão ambiental. A apresentação foi efetuada por Ricardo Bueno, diretor de engenharia.
No bloco de palestras sobre aeroportos, Aena Brasil e Vinci Airports mostraram o acerto na modelagem do programa de concessões por parte da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) nos anos recentes, convencendo essas operadoras globais originárias da Espanha e França a investir pesado na disputa dos aeroportos licitados para concessão.
Os investimentos programados pela operadora Vinci atingem R$1,4 bilhão nos sete aeroportos do Norte, enquanto a Aena Brasil programou R$1,9 bilhão para modernização de seis terminais no Nordeste. Palestrantes foram: Marcelo Bento, diretor da Aena Brasil, e Rafaela Rehem, coordenadora de contratos da Vinci Airports.
Em seguida, a Bahia Mineração (BAMIN) contou que contratou um consórcio sino-brasileiro para as principais obras dos 537 Km da FIOL I, ligando a mina de ferro em Caitité até o Porto Sul, a ser construído, em Ilhéus, BA. A ferrovia será um corredor logístico que vai impulsionar a economia local da extensa região ao sul da Bahia. A companhia já aplicou R$1,8 bilhão de um total previsto de R$20 bilhões para o sistema mina-ferrovia-porto. A Bamin foi representada por Alberto Vieira, diretor de projetos e implantação.
No tema rodovias, a Arteris Litoral Sul detalhou como recorreu a processos geotécnicos para vencer extensos trechos de solo mole no trajeto de 50 km do Contorno Viário de Florianópolis, SC. Aterros de recalque controlados foram construídos e somente após estabilizados puderam receber a pavimentação. O traçado tem 7 pontes duplas, 6 interseções de porte e 4 túneis duplos que somam 7,2 km, equipados para operação 100% automatizada. Tiago Tibiriça, gerente de obras de implantação foi quem conduziu a palestra.
Alberto Epifani, coordenador de planejamento e gestão da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, revelou que a CPTM teve uma recuperação de passageiros maior do que a rede do Metrô-SP, no período pós-covid por causa da difusão do home office. Ele também aponta que o futuro do transporte metropolitano sobre trilhos está em aprofundar o conceito de rede—ao invés de pensar em linhas – para atrair novos passageiros através de novas conexões (especialistas acreditam que o passageiro antigo perdido não volta mais).
Enquanto o sistema do metrô em São Paulo vai ganhar mais 32 km de linhas, as obras de extensão de linhas e ampliação de estações da CPTM incluem a linha 9-Esmeralda, que ganha mais 4,5 km; ligação da linha 13-Jade à estação Barra Funda; e melhorias substanciais nas estações das linhas 10, 11 e 12.
Ana Claudia Nascimento, presidente da Companhia dos Transportes da Bahia, gestora da construção do Tramo III do metrô de Salvador, que a exemplo das linhas existentes é fruto de investimentos da União e governo estadual, acredita que a entrada em operação do Tramo III, a ser conduzida pela operadora CCR, e a abertura da nova rodoviária na região vão criar um novo polo de expansão na capital baiana. A rede agora soma 38 km.
A projetista Systra mostrou os estudos para segregar os trens de carga dos trens de passageiros na rede Sudeste da MRS, na RMSP, com extensas obras a serem feitas sem interromper o trafego, o que envolverá treinamento em segurança para o pessoal de campo e coordenação sistemática com outros órgãos estaduais e municipais envolvidos. Incluindo a parte Noroeste, MRS vai investir R$2 bilhões nos 90 km de trilhos exclusivos para carga. O palestrante foi Vinicius Clemente, coordenador de projetos da Systra.
A PARS apresentou a palestra ”Infraestrutura Inteligente: O Papel da Conexão Digital e dos Gemeos Digitais”, por Maria Zanella, Newton Caxeta e Renan Silva.
Co-patrocínio e apoio ao FÓRUM INFRA 2025
Os copatrocinadores são Autodesk/PARS, Systra, GFC Tubos, Induscabos, Tractebel Engie e Araxá Engenharia;
As empresas apoiadoras são Dimensional, Ulma, Lucena Infraestrutura, Barbosa Mello Construtora, Tranenge e Markka;
As entidades que apoiaram o FORUM INFRA 2025 são Sinaenco, Abemi, Sinicesp, Aeerj do Rio de Janeiro, ABCR-Ass.Brasileira de Concessões Rodoviárias, Sicepot-MG, ABCE e ABCEM.