Grupo Imetame anunciou a construção de um terminal portuário multiuso em Aracruz (ES), abrindo uma nova rota de embarque de cargas na costa brasileira. A um custo de R$ 2,7 bilhões, o terminal deverá estar em operação em 2026, promete a empresa. O porto da Imetame Logística será um complexo de terminais privados com administração portuária própria, incluindo terminais para contêineres, grãos, carga geral e granéis líquidos.
Segundo a companhia, os investimentos foram iniciados com recursos próprios e por meio de parcerias firmadas que garantem o capital pela maior parte da obra, visando que o projeto seja fully funded. R$ 500 milhões foram financiados pelo Banco do Nordeste (BNB), uma vez que a cidade de Aracruz faz parte da Sudene.
Com localização privilegiada, às margens da ES-010, com ligação para a BR-101 e a 80 km ao norte de Vitória, o porto terá conexão ferroviária com a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), com um ramal ferroviário de aproximadamente 7 km, viabilizando um novo corredor logístico centro-leste. Ele será vizinho do estaleiro Jurong e do porto de Barra do Riacho, onde está localizado o Portocel, terminal privado da Suzano e Cenibra, especializado na operação de papel e celulose, como também de carga geral.
Segundo a Imetame, a região tem potencial para se transformar em um forte polo de desenvolvimento social e econômico. A demanda por capacidade portuária e solução logística moderna na região é crescente, principalmente em função da atividade industrial e tradings no Espírito Santo, além do avanço da agricultura, pecuária e agroindústria no Centro-Oeste e em Minas Gerais, que fazem parte da área de influência direta do porto.
Em fase de construção, o terminal terá profundidade de 17 metros e poderá receber navios de longo curso, com calado de até 16,5 metros, permitindo a operação de embarcações de grande porte que hoje ainda não operam no Brasil, como a nova geração de navios conteineiros New Post Panamax, com capacidade de 14.000 TEUs (unidade equivalente de 20 pés), além de ter capacidade para receber navios Capesize, com até 180.000 toneladas de capacidade, que poderá mudar a forma de transporte de grãos, principalmente para a Ásia, conforme revela Anderson Carvalho, diretor de operações do Imetame Logística Porto.
“Essa condição operacional permitirá ao terminal da Imetame a possibilidade de ser um porto concentrador (Hub), principalmente para os serviços da Ásia, conectando os mega navios que atuam nas rotas internacionais com os navios de cabotagem/feeder, que farão a distribuição dos contêineres para os portos no Norte, Nordeste, Sul do Brasil e do Mercosul”, afirma Carvalho.
O terminal de contêineres entrará em operação com capacidade de movimentação anual de 300 mil TEUs e quando operar em capacidade total terá condições operacionais para movimentar cerca de 1,6 milhão de TEUs. Já o terminal de carga geral terá capacidade para 1,2 milhão de toneladas/ano, podendo ser maior, dependendo do tipo de carga a ser movimentada, enquanto o terminal de granéis sólidos (soja, milho e farelo) ou outros tipos de graneis, terá capacidade para 10 milhões de toneladas/ano, com quatro armazéns com 150 mil toneladas de capacidade cada.
O terminal de granéis líquidos terá três berços de atracação, sendo dois berços para operação de navios tipo Suezmax/VLCC, na modalidade ship to ship, com capacidade para 1.000.000 de barris/dia, integrados ao berço de bunker (abastecimento de navios) e outros combustíveis, suportado por dois sistemas de dutos e um parque de tancagem de 110.000 m³, podendo dobrar sua capacidade.
As obras iniciaram no segundo semestre de 2021 e atualmente encontram-se em quatro principais frentes. A primeira delas é o quebra-mar norte, sendo que a construção dos 1.120 metros da estrutura já foi concluída. Nessa estrutura é que será construído o cais do terminal de contêineres. Com a função de abrigar a área dos berços (dársena) e das ondas propagadas de Nordeste, o quebra-mar norte irá realizar as condições ideais para a operação dos navios de contêiner sensíveis a movimentos por efeito de ondas locais e, portanto, evitar os downtime ou perdas de produtividade.
Outra frente é a construção do cais do terminal de contêineres. As obras para construção dos 750 metros, do total de 1.100 m de cais, seguem avançando, segundo Carvalho. “Toda construção está sendo realizada com estrutura e equipes próprias: uma fábrica de concreto, uma unidade de pré-moldados e um equipamento moderno, o Cantitraveller, que vai avançando sobre a estrutura na medida em que ela vai sendo construída. Já foram instaladas 200 das 900 estacas necessárias. Em paralelo, estamos realizando a montagem e concretagem das vigas que compõem a laje do cais, com o primeiro módulo da estrutura já concretado. Sobre a laje do cais serão posicionados os guindastes de operação dos containeres e de carga geral e cargas de projetos nessa primeira fase da obra”, esclarece o diretor.
As obras de dragagem foram iniciadas no segundo semestre de 2022. Aqui também, segundo o executivo, toda a operação está sendo realizada por pessoal e equipamentos da própria Imetame – uma draga, dois batelões e três rebocadores. “Estamos completando em breve a fase final do projeto, alcançando a cota de 17 metros de profundidade. Já foram dragados mais de 3 milhões de m³ de material, o que representa quase 80% de avanço físico”, afirma Carvalho.
A última frente em andamento é o quebra-mar leste, que protege a área de manobra e atracação do porto, que já atingiu 1.800 metros de comprimento, um passo importante em direção ao total de 2.285 metros a serem concluídos, segundo frisa o diretor. Ele lembra que durante o pico das obras do porto estão previstas a geração de 650 empregos diretos e mais 300 indiretos. “Para a etapa de operação, quando o porto entrar em atividade com a sua
capacidade máxima, estão estimadas 1.100 oportunidades diretas e outras 1.000 indiretas”, diz.
Fundador do grupo foi torneiro mecânico da Aracruz Florestal
O grupo Imetame tem 44 anos de existência, sendo composto por um conjunto de empresas com mais de 5.000 colaboradores, com sede em Aracruz e que atua na área de metalmecânica, exploração de O&G e geração de energia, com termelétricas e campos de gás próprios, e na mineração, por meio da exploração e beneficiamento de rochas ornamentais para exportação e atendimento ao mercado interno.
Seu fundador e principal acionista, Etore Selvatici Cavallieri, trabalhou como torneiro mecânico na Aracruz Florestal. Em 1980, ele deixou a empresa e resolveu apostar em um negócio próprio, percebendo a oportunidade nos serviços excedentes de usinagem e soldagem, que eram terceirizados. Com isso, fundou a Imetame Metalmecânica em um pequeno galpão de 50 m². Atualmente, o grupo compreende diversas empresas e tem faturamento anual na casa de R$ 2 bilhões.